quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Por quê o Estado ataca a população?

“É preciso desnudar a estrutura da sociedade, perceber a forma como ela é construída, a toda hora se levantam pontas do véu, há sinais em toda parte, é preciso disposição pra enxergar a realidade.”  (Edu Marinho)                                                                                                                                            

 "Por quê o senhor atirou em mim?" Essa é a pergunta de milhares, todos os anos. E de milhões, ao longo do tempo, nas metrópoles brasileiras, nas periferias onde estão os que constróem a sociedade em todos os seus detalhes, os que põem o asfalto e o cimento no chão, que carregam os tijolos nas costas pros prédios, escolas, hospitais, casas, tudo o que se tem à vista, os postes, luzes, canos, fios, os que plantam a comida, os que colhem, os que preparam, os que limpam e tiram o lixo, os que ligam os motores, que transportam, carregam, produzem tudo o quanto se usa, roupas, sapatos, bolsas, chapéus, enfeites, os que abastecem, entregam, buscam... a imensa maioria sabotada em instrução, em informação, em respeito, em cidadania. Sabotada por um Estado sequestrado, onde a vida vale menos que o patrimônio, onde as coletividades pobres são tratadas como lixo quando há interesses econômicos, onde se morre na porta do hospital por motivos menores. Onde se toma um tiro na nuca enquanto se morde um cachorro quente.

As instituições públicas, inclusive as de segurança, estão a serviço, em primeiro lugar, do patrimônio da minoria mais rica, que comprou/sequestrou o aparato público, de muitas maneiras além do poder econômico direto. 


Os serviços públicos são sistematicamente sabotados, impedidos de cumprir plenamente suas funções, criando situações de barbárie e sofrimento generalizado. Teme-se a "saúde pública", teme-se o "ensino público", teme-se qualquer instituição pública - a maioria instrumento de tortura cotidiana, dos usuários e dos funcionários. As forças de segurança estimulam a violência desenfreada, o ataque covarde indiscriminado, tenho visto cenas que dão vontade de chorar, ataques desmedidos e sem razão, truculências e abusos contra quem protesta pelas pancadas recebidas sem motivação além de ordens dadas de algum gabinete macabro e luxuoso. 

E as instituições terminam por atrair uma quantidade de possessos compulsivos, pessoas que precisariam de tratamento psicológico, espancadores, torturadores, sádicos de toda ordem, corruptos de todos os tipos, pra conviver com as pessoas que sinceramente pensam em fazer um bom trabalho pela segurança e pela paz na coletividade - estes andam acuados na estrutura atual, reféns de bandos armados capazes de qualquer crime amparados pelo Estado. Os sinceros não estão inertes e há quantidades enormes de prisões e investigações de elementos das forças de segurança, embora insuficiente pra conter a sanha agressiva de grandes parcelas destas forças. Crimes como o de Amarildo se contam aos milhares, acidentes como o de Douglas existem a qualquer momento, na abordagem agressiva que se faz nas periferias e favelas. 

É preciso desnudar a estrutura da sociedade, perceber a forma como ela é construída, a toda hora se levantam pontas do véu, há sinais em toda parte, é preciso disposição pra enxergar a realidade.

Por quê o Estado ataca a população? Por quê tanta sacanagem cotidiana com a grande maioria da população, espalhadas nas periferias e favelas, embora aglomeradas nesses lugares, como nos transportes, como na vida. 

Por quê o povo é sabotado em educação? Por quê é enganado pela mídia esmagadora? Por quê é reprimido, maltratado, contido, suspeito, hostilizado? Por quê o Estado ataca o povo? Por quê o senhor atirou em mim?

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