Cátia Guimarães, num artigo muito inspirado, diz quase tudo o que eu
gostaria de dizer. A ditadura midiática de O Globo tem sim sua cota de
responsabilidade na polícia assassina que entra na favela pra passar o rodo nas
pessoas. Mas, se a mídia opera na lógica da guerra, podem ter certeza que não
fala para o vento ouvir...A elite burguesa foi uma das maiores
"patrocinadoras" da dizimação em massa de negros e favelados que
vivemos no Rio de Janeiro nos, pelo menos, últimos trinta anos.
Com o fim da Ditadura Militar, a polícia passaria das mãos dos generais para
"as mãos" dos poderosos da Zona Sul maravilha. Foi servindo aos
interesses da burguesia carioca, como muito bem retrata Hélio Luz em notícias
de uma guerra particular, que a pm sofisticou seus métodos de guerra para
conter a violência do tráfico de drogas que começava ainda dar os primeiros
passos.
Um exemplo clássico disso foi o achincalhe geral que sofreu Leonel Brizola, o
único que tentou frear essa sanha doentia das elites e proibir policial de
chegar na favela atirando a esmo. Foi chamado de amigo de bandido e sua filha
de xincheira pra baixo. A população rejeitou Brizola nas urnas e elegeu Moreira
Franco, cuja principal bandeira era o "milagre" de acabar com a
violência em 6 meses. Para tanto, o recém empossado institui a chamada
"gratificação faroeste" onde, na prática, cada policial recebia uma
grana por cada bandido morto (na favela claro).
E não pensem que essa lógica mudou. Esse governador que aí está foi consagrado
nas urnas em 2010 por causa da sua política de segurança considerada exitosa. E
para os que acham que naquela época as pessoas da "boa sociedade" não
sabiam ainda sobre o pedreiro Amarildo, vale lembrar do cerco ao Alemão em que
boa parte da população, aplaudia o big brother global nos bares, e queria mais
é que a polícia entrasse chacinando geral.
A ainda se alguém acredita em mudança de consciência social, o texto da Cátia é
muito bom pra esclarecer de uma vez por todas a gente. Os jovens burgueses
estão aí, quentes, revoltados na rua com a desgraça sem fim que acham que está
esse país, estão aí a todo vapor inundando o Facebook, indo pra cima com os
black blocs, onde tenham professores ou cachorrinhos simpáticos...porém, não
foram vistos em Manguinhos.
Ali uma menina foi alvejada. Silêncio sepulcral nas ruas e nas redes. Ali, fora
o apoio da Fiocruz, não teve black blocs, não teve uma galera de máscaras pra
encarar os "hômi" não teve OAB, e muito menos um agente da lei do
Estado foi visitar Juliane no Salgado Filho, como acontecera com o jovem
Raphael, na clínica São Vicente na Gávea.
Amarildo virou um slogan, seu filho virou modelo, Paula Lavigne virou mundos e
fundos, preocupada com a sua família, tem até uma turma que quer virar uma
página da nossa história, e colocar seu nome na Ponte Rio-Niterói (o que de
fato não seria mal não). Mas o que vale é que o Rio de Janeiro continua o
mesmo. A mesma cidade partida, os mesmos mundos que não se encontram - De um
lado a favela, lutando sua causa sofrida, sozinha como sempre, enquanto a
burguesia, numa explosão de fúria (niilista?), faz a sua guerra (particular?)
chamando os holofotes para si por todos os canais de que dispõe.
Com o fim da Ditadura Militar, a polícia passaria das mãos dos generais para "as mãos" dos poderosos da Zona Sul maravilha. Foi servindo aos interesses da burguesia carioca, como muito bem retrata Hélio Luz em notícias de uma guerra particular, que a pm sofisticou seus métodos de guerra para conter a violência do tráfico de drogas que começava ainda dar os primeiros passos.
Um exemplo clássico disso foi o achincalhe geral que sofreu Leonel Brizola, o único que tentou frear essa sanha doentia das elites e proibir policial de chegar na favela atirando a esmo. Foi chamado de amigo de bandido e sua filha de xincheira pra baixo. A população rejeitou Brizola nas urnas e elegeu Moreira Franco, cuja principal bandeira era o "milagre" de acabar com a violência em 6 meses. Para tanto, o recém empossado institui a chamada "gratificação faroeste" onde, na prática, cada policial recebia uma grana por cada bandido morto (na favela claro).
E não pensem que essa lógica mudou. Esse governador que aí está foi consagrado nas urnas em 2010 por causa da sua política de segurança considerada exitosa. E para os que acham que naquela época as pessoas da "boa sociedade" não sabiam ainda sobre o pedreiro Amarildo, vale lembrar do cerco ao Alemão em que boa parte da população, aplaudia o big brother global nos bares, e queria mais é que a polícia entrasse chacinando geral.
A ainda se alguém acredita em mudança de consciência social, o texto da Cátia é muito bom pra esclarecer de uma vez por todas a gente. Os jovens burgueses estão aí, quentes, revoltados na rua com a desgraça sem fim que acham que está esse país, estão aí a todo vapor inundando o Facebook, indo pra cima com os black blocs, onde tenham professores ou cachorrinhos simpáticos...porém, não foram vistos em Manguinhos.
Ali uma menina foi alvejada. Silêncio sepulcral nas ruas e nas redes. Ali, fora o apoio da Fiocruz, não teve black blocs, não teve uma galera de máscaras pra encarar os "hômi" não teve OAB, e muito menos um agente da lei do Estado foi visitar Juliane no Salgado Filho, como acontecera com o jovem Raphael, na clínica São Vicente na Gávea.
Amarildo virou um slogan, seu filho virou modelo, Paula Lavigne virou mundos e fundos, preocupada com a sua família, tem até uma turma que quer virar uma página da nossa história, e colocar seu nome na Ponte Rio-Niterói (o que de fato não seria mal não). Mas o que vale é que o Rio de Janeiro continua o mesmo. A mesma cidade partida, os mesmos mundos que não se encontram - De um lado a favela, lutando sua causa sofrida, sozinha como sempre, enquanto a burguesia, numa explosão de fúria (niilista?), faz a sua guerra (particular?) chamando os holofotes para si por todos os canais de que dispõe.
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