quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A luta suada dos professores e a estranha impunidade dos mascarados

Enquanto jovens burgueses e Black Blocs promovem a sua guerrinha particular,  manifestantes da classe trabalhadora são obrigados a deixar as ruas  de forma arbitrária, já que eles é que determinam o toque de recolher. 

Na velha mídia e no Facebook  usa-se  e abusa-se da manipulação, passando a impressão de que as manifestações se resumem à ação da bandidagem. Ou seja, perde a democracia, perde o movimento de massa e os mascarados irresponsáveis atingem seu objetivo que é ocupar as manchetes dos meios de comunicação e rodar o face de cabo a rabo como heróis defensores das causas do seu povo. (B. do Miro- adaptado)

Nesta terça-feira (15), Dia do Professor, outra bela manifestação dos profissionais da educação foi totalmente ofuscada pela quebradeira promovida pela milésima vez por um bando mascarado, de nítida inspiração fascista, que atende pela alcunha de black bloc. Nem na ditadura os manifestantes escondiam o rosto. Mas parte da esquerda teima em glamourizar e até enxergar papel anticapitalista e revolucionário na ação desses grupelhos. Embora já tenha ultrapassado todos os limites em termos de vandalismo e violência gratuita, os tais black blocs continuam gozando de inaceitável impunidade. 

O máximo de desconforto a que são submetidos é uma detenção por algumas horas, pois logo são soltos com pagamento de fiança ou pela intervenção de advogados escalados pela OAB para defendê-los prontamente.

Fico imaginando o transtorno pessoal pelo qual eu passaria caso, de súbito, resolvesse me armar de uma barra de ferro e sair destruindo lojas e bancos na esquina aqui de casa, além de incendiar lixeiras e ônibus (aliás, pouca gente se deu conta de que tocar fogo em coletivos é tática típica de traficantes). Com certeza, seria em cana por não sei quanto tempo e enquadrado em vários artigos do código penal. Responderia a processo em liberdade, mas teria aborrecimento garantido ao longo da tramitação do processo até o julgamento. Sem falar no dinheiro para pagar um bom advogado criminalista.

Então, por que diabos os fascistas mascarados gozam de uma espécie de salvo conduto, de habeas corpus preventivo, para destruir em escala cada vez maior ? O sujeito, por saber que quebrar não vai dar em nada, esfrega as mãos torcendo pela manifestação seguinte, ávido inclusive para pôr em prática táticas de destruição cada vez mais ousadas. Outro dia um agência do Banco do Brasil, na Avenida 13 de Maio, foi dizimada pelos black blocs.

E nas paredes deixaram pichações ridículas como " Não vai ter Copa" e "Poder Popular". Ah, então ficamos combinados assim : nossos bravos "revolucionários" querem impedir a realização da Copa do Mundo no país do futebol e destroem as dependências de um banco público, responsável, por exemplo, pelo financiamento de vários programas voltados para o desenvolvimento do país, na cidade e no campo. Sem o apoio do Banco do Brasil, por exemplo, não existiria agricultura familiar e ao pequeno produtor só restaria penar nas mãos do agronegócio.

Dia desses estive num evento convocado pela OAB para debater a truculência da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro contra manifestantes. Os representantes de movimentos sociais, entidades da sociedade civil e partidos políticos de esquerda ali presentes expressaram sua justa revolta e indignação contra as ações de uma polícia despreparada para lidar com os conflitos de classe e com as demandas sociais. Todos ainda estavam chocados com o episódio da votação do plano de carreira dos professores do município do Rio, quando a sede do Legislativo foi sitiada em pleno regime democrático, cercada por centenas de policiais, cães e grades.Tudo isso agravado por agressões contra professores, com bombas, gás de pimenta e muita porrada.

Palmas para iniciativa da OAB. Mas cabe a pergunta : não seria hora também de as representações da sociedade colocarem na ordem do dia a discussão sobre a atuação deletéria dos grupos mascarados para o avanço das lutas populares e democráticas ? Não estaria em linha com a defesa da coisa pública a responsabilização desses grupos pelo já milionário prejuízo causado aos cofres públicos, fruto da destruição de sinais de trânsito, orelhões, paradas de ônibus, sedes de poderes, etc ? Por acaso não merece a solidariedade dos formadores de opinião a situação de pânico a que são submetidos milhões de trabalhadores depois de um dia estafante de trabalho ?

Também não dá para muitos iniciados em política continuarem se negando a reconhecer uma evidência alarmante : de junho para cá, quase todos os confrontos entre os black blocs e a polícia foram provocados pelos mascarados, seja atirando coquetéis molotov nos políciais, seja depredando prédios públicos ou simplesmente partindo para o enfrentamento físico.

É que a violência gratuita e despolitizada está no DNA desses caras. Infelizmente há quem goste e aplauda, como a direção do Sepe. Lamentável.


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