Foi gratificante ver Luis Fernando Veríssimo criticar com veemência a inacreditável decisão do STF que acaba de salvar definitivamente os torturadores da ditadura. Veríssimo toca na ferida e com muita propriedade fala da distorção feita pelo ministro Eros Grau a obra Raízes do Brasil, realizada pelo gênio da sociologia brasileira Sérgio Buarque de Hollanda. Foi um desgosto e um choque para nós brasileiros ver o conceito de “cordialidade” sendo distorcido e usado para justificar a soltura de monstros torturadores.
Na verdade essa prática de usar pensadores de prestígio pra justificar políticas de estado e afins já não vem de hoje. Nietzshe sofreu com essa mesma deturpação no Terceiro Reich, quando o conceito de "super-homem" foi usado para sustentar a tese nazista da raça pura.
Infelizmente esse expediente agora volta ao Brasil e, o que é lamentável, pela porta do Supremo Tribunal Federal. É inaceitável, é de doer. Os brasileiros não merecemos essa corte máxima.
A Anistia Internacional já se posicionou frontalmente contrária e agora estará com todas as atenções voltadas para o Brasil. Assim como também se posicionou a OEA, que pode condenar o país a anular a sua lei de anistia, a exemplo do que fez com o Chile e o Peru, para punir os que torturaram e mataram. E o STF, agora que explique direitinho para a OEA esse complicado pacto em que a ditadura resolveu tudo sozinha. Francamente..
Ainda sobre Veríssimo, certa vez perguntado como conseguia permanecer num jornal como O Globo, de idéias ultra-conservadoras, bem diferentes das suas, ele respondeu com aquele bom humor de sempre: “ Acho que lá eles me toleram como a um velhinho excêntrico..”
Parabéns Veríssimo pela lucidez e pela coragem de sobreviver como uma ilha dentro de um jornal tão nocivo a sociedade que chegou ao cúmulo de comemorar com ironia essa decisão ABSURDA do STF.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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