Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de
Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no
Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu
sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é
Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano
Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um
banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância
achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica
aqui no Brasil.
Ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que
ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos
de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina
nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente
tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui
mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em
relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta
cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção.
É isso que parece não entrar na
cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a
suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica.
Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e
desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa
população mais pobre não tem o mínimo!
Até agora não vi nem o CFM nem
a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a
população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los.
Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio
ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se
sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões
do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas
mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. Na
verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do
Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8
mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as
periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do
programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então?
vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir
transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com
diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas
sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir
para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai
desvalorizar a medicina do Brasil.
Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida,
mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles.
Se os médicos ricos do sul
maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores
condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da
Federal, melhores condições de carreia, mas que ao menos se sensibilizem com
aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom
grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
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