segunda-feira, 24 de junho de 2013

O que de fato temem os médicos brasileiros?

Por Frei Betto

Parece que o jogo do colégio médico é de marcado interesse e agressividade, onde valem mais as cédulas verdes (dólares) que as células vivas (vida).
Ninguém é contra o CFM submeter médicos cubanos a exames (Revalida), como deve ocorrer com os brasileiros, muitos formados por faculdades particulares que funcionam como verdadeiras máquinas de caça-níqueis.

Se não chegam médicos cubanos, o que dizer à população desassistida de nossas periferias e do interior? Que suporte as dores? Que morra de enfermidades facilmente tratáveis? Que peça a Deus o milagre da cura?

Médico cubano não virá para o Brasil para emitir laudos de ressonância magnética ou atuar em medicina nuclear.

Virá tratar de verminose e malária, diarreia e desidratação, reduzindo as mortalidades infantil e materna, aplicando vacinas, ensinando medidas preventivas, como cuidados de higiene.

Cuba, especialista em medicina preventiva, exporta médicos para 70 países. Graças a essa solidariedade, a população do Haiti teve amenizado o sofrimento causado pelo terremoto de 2010. Enquanto o Brasil enviou tropas, Cuba remeteu médicos treinados para atuar em condições precárias e situações de emergência.
 
Outra iniciativa, que está sendo absurdamente criminalizada pelo CFM, é a ótima proposta do Senador Cristóvão Buarque. Que os médicos brasileiros formados nas universidades públicas brasileiras trabalhem 2 anos em pequenos municípios carentes para que o seus registros médicos sejam reconhecidos. Seria uma forma de melhorar o atendimento onde muitos médicos não querem se fixar.

Por que o CFM nunca reclamou do excelente serviço prestado no Brasil pela Pastoral da Criança, embora ela disponha de poucos recursos e improvise a formação de mães que atendem à infância? A resposta é simples: é bom para uma medicina cada vez mais mercantilizada, voltada mais ao lucro que à saúde, contar com o trabalho altruísta da Pastoral da Criança. O temor é encarar a competência de médicos estrangeiros.

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