quinta-feira, 20 de junho de 2013
MPL precisa se desvencilhar da carona oportunista que hoje embaralha a sua extração histórica e pode ferir de morte a credibilidade conquistada nas ruas
A vitória
superlativa das ruas com a reversão do reajuste tarifário em SP foi
saboreada pelos dirigentes do MPL com um misto de euforia e alívio. A
continuidade dos protestos evidenciava uma crescente diluição do
movimento nas tinturas de uma desqualificação do governo
federal e das conquistas econômicas e sociais dos últimos dez anos.
A jovem liderança do MPL, que se declara de esquerda, admite que já não
sabia como reverter a usurpação martelada pela emissão conservadora. Há
atitudes óbvias. Incompreensivelmente ainda não adotadas por quem dispõe de
todos os holofotes da boa vontade nesse momento. Uma sugestão prosaica:
convocar uma entrevista coletiva e desautorizar o dispositivo midiático
conservador, que surfa na onda dos novos cara-pintadas para rejuvenescer a
narrativa de um antipetismo histórico. A abusada antecipação da
campanha de 2014 inclui cenas -e ameaças-- de invasão de palácios,
mesmo quando ocupados por governantes já comprometidos com a redução tarifária.
Essa era a agenda da 'comemoração' no RS, nesta 5ª feira. Qual o propósito
dessa sessão de fotos com data e hora marcada? Aos integrantes do MPL não
cabe o bônus da ingenuidade. Embora jovens, souberam fixar um alvo de
notável pertinência histórica. A mobilização de massa em defesa
da tarifa zero e por uma cidade dos cidadãos carrega a promessa de um chão
firme do qual se ressente o planejamento democrático no país. Só um
movimento urbano forte, capaz de disputar a construção da cidade com a lógica
do lucro imobiliário poderá reverter o caos das grandes metrópoles. Se for
a semente disso, o batismo de fogo do MPL, com todas as suas lacunas, já terá
valido a pena. Antes, porém, precisa se desvencilhar da carona oportunista que
hoje embaralha a sua extração histórica e pode ferir de morte a credibilidade
conquistada nas ruas
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