segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Homenagem a professora Cláudia Castro

Nesta quinta-feira, dia 02, haverá uma homenagem a Cláudia Castro, no Anfiteatro Junito Brandão, na Puc. Professora do Departamento de Filosofia, Claúdia faleceu no dia 4 de agosto. No mesmo dia, às 18h, o Reitor da PUC, celebrará a missa de um mês em sua memória.

É com muita surpresa/tristeza que recebo a notícia. Jovem, bela, inteligente e de uma vitalidade e alegria em ensinar que, sinceramente, nunca vi igual. Claudia era cativante, suas aulas eram sempre uma experiência única; uma pessoa simples, gente boa, de bem com a vida que realmente fico sem palavras nesse momento..mas sinto vontade de deixar essa homenagem.

segue um artigo seu em comentários..

Um comentário:

  1. Aos alunos com carinho

    por Cláudia Castro

    Professora do departamento de Filosofia da PUC-Rio

    Comecei a ensinar ainda menina. Primeiro, para as almofadas de meu quarto de criança. Depois, quando apenas alguns anos me separavam dos olhos curiosos que tinha a minha frente. Passados quinze anos como professora nesta universidade, talvez possa perguntar: o que é ensinar filosofia? Há uma grande diferença entre o ensino que hoje realizo e minha brincadeira infantil de falar com as almofadas? Não seria esse prazer primevo a antecipação, já a elaboração da tarefa que um dia iria realizar e à qual dedicaria minha vida inteiramente? Hoje vejo que sim. Porque no trabalho de formação filosófica não é o conteúdo o que mais importa, aquilo que podemos chamar de saber e que traz consigo, freqüentemente, um poder mutilante e nefasto. Em seu sentido mais elevado, ensinar filosofia (se isto é possível) é, ao mesmo tempo, ter o privilégio de viver e suscitar uma experiência de parada, de interrupção no curso das atividades práticas e automáticas de nossas vidas, para que um pouco de ar fresco, livre, possa atravessar.

    Desde sua origem, os grandes pensadores concluíram que o pensamento puro é desprovido de utilidade. Ele é um momento de crítica, de indagação sobre o que somos e desejamos profundamente. E o professor enfrenta, a cada aula, o desafio de despertar esse sutil questionamento.

    Ensinar é, antes de tudo, amar. Entrar num movimento em que nos despojamos de tudo que nos caracteriza como um sujeito pequeno, “humano demasiado humano”, nas palavras de Nietzsche, e, nessa abertura, pensar-com, pensar junto aos espíritos com os quais o acaso nos colocou em relação. Espíritos que também se abrem para o pensamento que, de fora, os transforma, irreversivelmente.

    Assim, o trabalho do professor – que se inicia do zero a cada vez que ele adentra o espaço sagrado da sala, com as carteiras e a sua mesa, o quadro e o giz – se assemelha ao de um baloeiro que ensaia fazer subir um balão. Pois uma aula é como um balão. Se é boa, nos leva ao céu, para além de nós mesmos, até o reino mais perfeito da liberdade. Quando o balão consegue subir? Ele sobe se, inexplicavelmente, tanto o professor quanto os alunos, encantados com a magia misteriosa das palavras, tocam o insondável: a pergunta, sem resposta, sobre o sentido de nossas vidas.

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