Preferem fazer coro ao corporativismo dos médicos
Quem presta atenção nos dados globais pode concluir que se aplica ao Brasil uma
situação semelhante à que ocorre no debate sobre o plano de saúde de Barack
Obama nos Estados Unidos. Claro que há diferenças imensas entre os dois casos.
Mas, no plano das ideias políticas, ocorreu, lá, um confronto semelhante ao que
se passa aqui.
Comentando o conflito político entre Barack Obama e a
oposição republicana, o jornal US Today afirmou em editorial: “Depois de
envenenar o debate, os republicanos dizem que o plano está doente.”
O
jornal se refere ao comportamento republicano de denunciar o intervencionismo
estatal – chamado de fascismo, segundo línguas mais delirantes - para combater a
proposta de Obama. Criaram vários problemas para impedir o sucesso do plano nas
votações no Congresso e, depois, argumentam que não pode funcionar - por causa
dessas modificações.
O veneno destilado no Brasil teve origem na oposição
e também envolvia o papel do Estado.
Começou em 2007, na campanha pelo
fim da CPMF, taxa que privou a saúde pública de algo como R$ 20 bilhões anuais.
(A CPMF arrecadava o dobro disso, mas pelo menos a metade era destinada aos fins
devidos).
Mais tarde, quando ficou claro que faltava dinheiro para
equipar hospitais e postos de atendimento, para equipamentos de exame e outras
benfeitorias, os sábios de plantão lançaram a teoria de que o problema não era
falta de dinheiro – mas falta de boa gestão.
Em 2013, seis anos depois
do fim da CPMF, quando se verificou que a gestão até pode produzir resultados
mas não faz milagres, o debate mudou.
Diante da proposta de contratar
milhares de médicos, inclusive no exterior, para levar aos pontos pobres do
país, aqueles onde a média da rede pública é menos que 10% da privada, a
oposição reclama: cadê os equipamentos? Cadê os hospitais?
É muito
veneno, vamos combinar.
íntegra:
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário