(Celso Vicenzi)
Concordo com o
autor, e tenho dito a mesma coisa. Baixada a poeira, ficou claro a tentativa de
cooptação, pela direita midiática, de uma massa de jovens compreensivelmente
desiludidos e alienados da vida política nacional. Assim como também está claro
que o momento agora é de disputar espaço com a ideologia dessa mesma
mídia que ainda influencia muito, vide o volume de lixo ideológico vindo de
lá, que entope o Facebook quase
interditando uma reflexão sensata e proveitosa naquele espaço.Não é mole não! Mas agora, creio que nesse segundo momento, como em todo e qualquer arranjo do jogo democrático, a correlação de forças está mais do que dada, a meu ver escancarada: De um lado a mídia oficial aterrorizando e manipulando a classe média até a medula, como sempre, e tentando agora “ganhar” essa juventude pra fazer coro as suas ideias conservadoras (como fez com seus pais durante anos); e de um outro a mídia alternativa, com os blogues, sites e palavras do cidadão comum que vive o cotidiano político e social do Brasil e hoje pode se expressar, participar também e influir (mesmo que ainda infimamente) da/na formação da opinião pública. A mídia é mais poderosa e tem (por enquanto, quero crer) o Facebook, predominantemente a seu lado.
Mas o outro lado
agora tem, além do trabalho árduo e reflexivo de sempre, as ruas. A direita e
uma boa parcela da sociedade que a ela fez coro, foi pras ruas, muito mais num
impulso do que propriamente por convicções, e já tratou de se retirar e voltar
a sua "ilha", seu mundo privado e restrito. A rua agora tem sido
palco quase que diário de ações pontuais muito bem definidas, onde tem
prevalecido indubitavelmente a agenda progressista - contra as remoções, pela
desmilitarização da PM, pela democratização dos meios de comunicação, com as
velhas bandeiras e os novos atores que chegam pra arejar e somar.
Ânimos
renovados! Vamos a luta nas ruas, cientes de que agora acabou a cobertura e o
"Big Brother de meio de ano". É a velha luta de sempre, mas com a força e a vibração dessa gente
nova que quer de fato mudar o Brasil.
Vale a pena o
texto:
"Apesar das
tentativas de captura pela mídia, e das ações de grupos sectários e
extremistas, o que se viu nas ruas, além da luta pelo passe livre ou pela
diminuição do preço das passagens urbanas, foram (mesmo de maneira
desinformada, acrescento) reivindicações por melhores serviços públicos. "
"Em todas
as passeatas, fez-se presente algo preocupante, mas compreensível: a descrença
na representação política, que ficou clara na recusa às bandeiras de
agremiações partidárias. Um gesto de alienação e de incompreensão sobre o que é
e como funciona uma democracia. Vulnerável, portanto, ao assédio de uma direita
raivosa que tem saudades da ditadura."
"Mas é
preciso ir com calma, para separar ingênuos de militantes fascistas. Como não
entender que há um enorme desencanto com a política e com os políticos? Se até
entre alguns militantes politizados havia essa desilusão, por que não haveria
também entre os mais alienados? Mais do que impor rótulos, é preciso
compreender e dialogar com esse público. Porque, além de ir às ruas, irão às
cabines de votação, escolher o destino político do país."
"O que
parece mais provável é que boa parte dos meios de comunicação e setores mais
conservadores procurem canalizar os protestos em direção apenas ao Palácio do
Planalto, na tentativa de causar o maior desgaste possível, com vistas às
eleições de 2014. É uma aposta arriscada. Principalmente para a mídia, que
perde cada vez mais credibilidade quando se comporta como partido
político"
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