domingo, 6 de junho de 2010

Como chegamos na África do Sul

Depois da copa de 1994, o futebol brasileiro foi produzindo craques cada vez em menor escala. Desde a copa de 2006, com o preterimento de Rivaldo, a aposentadoria precoce de Ronaldo Fenômeno, e com o fracasso da “geração do marketing” venho alertando para o fato do Brasil ter se igualado - as vezes até sendo superado como no caso da Argentina - aos outros países, tanto na produção de talentos quanto na maneira de jogar futebol. A copa de 2006 terminou de forma lamentável e com ela o fim da hegemonia do futebol brasileiro no cenário mundial.

A partir daquela data ficou claro que o futebol brasileiro teria que suar muito, como nunca na história, para conseguir se manter no topo junto das grandes seleções.
A seleção brasileira que chega a África do Sul é fruto de um trabalho primoroso do técnico que enfrentou uma entre safra dificílima, suou muito a camisa em treinamentos e competições, ganhou tudo que podia ganhar, para nos fazer chegar na copa numa condição favorável e em condições de disputar título.

Eu sei que é muito difícil pro torcedor e pra crítica conviver com isso, mas a verdade é que hoje o futebol brasileiro de Garrincha, Jairzinho e Romário, não tem atacantes a altura de Messi, Cristiano Ronaldo, Ribery e Rooney . O futebol brasileiro que um dia encantou o mundo com Didi , Falcão e Gérson, hoje, não tem volantes que cheguem nem perto do talento e elegância de Gerard, Lampard, Pirlo e Verón. Por favor, isso é uma fato, quem acompanha futebol sabe. A verdade é que do meio campo pra frente, nosso único jogador consagrado hoje, que podemos colocar no seleto grupo de craques, é o excelente Kaká.

Porém, mesmo assim tenho motivos suficientes para acreditar que faremos frente a qualquer selecionado nessa copa, e podemos trazer o título, pois nunca vi o Brasil tão bem preparado e com um grupo tão homogêneo.

Em 74 tínhamos um técnico que disse abertamente não conhecer a Holanda, e levamos um passeio do inesquecível carrossel, apresentando um futebol brucutu que nos envergonhou perante o mundo.

Em 78, nosso time era desordenado, nosso grande craque Falcão foi deixado de lado, Edinho foi entortado na esquerda, o Zico não vingava...deu no que deu.

Em 82, a preparação tb foi problemática, os reservas chegaram a golear a seleção, que era uma peneira atrás, por 8 a 2. Edinho mais uma vez foi preterido, desta vez Dirceu foi o entortado na direita pra depois sair de vez, e jamais se corrigiu os graves erros já apresentados no primeiro jogo contra a URSS. Tínhamos craques em quase todas as posições o que nos fez jogar um belo futebol, não o suficiente pra ser campeão.

Em 86, Telê (ele mesmo) opta pelo futebol de marcação mais acirrada. Deixa Oscar de fora para entrada de Julio César, pretere Falcão para colocar o volante de contenção Elzo, tira o Renato Gaúcho, nosso melhor atacante com Careca e vai de Casagrande! Dessa vez já não tínhamos mais tantos craques para segurar na bola os erros do nosso técnico.

Em 90, novamente uma era de ouro e, no comando, o técnico mais despreparado que nosso futebol já viu.

Em 94, quase não vamos aos EUA, com uma preparação conturbada, grandes craques de fora.. Romário só foi entrar aos 47 do segundo tempo e com a moral que ganhou , aliou-se ao resiliente Dunga e aos demais atletas vencedores, fizeram um pacto, deram aos mãos e trouxeram juntos (jogadores) o caneco depois de 24 anos. Mas foi com muita luta.

Em 98, a preparação foi uma vergonha. Zagallo não sabia o que fazer e chegou a trocar a metade do meio campo da seleção na primeira partida da copa, já na França! Sai Raí e Leonardo entram Rivaldo e Geovanni. Depois sai Geovanni de novo e volta Leonardo.Estava perdido como sempre. Não levamos.

Em 2002, após vários técnicos recusarem o comando Felipão assume e faz uma preparação ruim. O Brasil chega na copa desacreditado, mas com o bom trabalho do técnico, um pouquinho de sorte também, alguns erros de arbitragem e principalmente dos pés de Rivaldo e Ronaldo trouxemos o título.

Em 2006, vivemos uma ilusão. Novamente a dupla Parreira e Zagallo tentou se acomodar num grupo de jogadores, dessa vez os badalados da era do marketing; porém, na hora “h”, ficaria evidente que a fama que tinham era menor que a bola que viriam a jogar de fato, e a falta de comando fez com que se perdessem de vez.. Perdemos e feio.

Agora, em 2010, vivemos uma situação muito atípica, diferente de todas as copas passadas. Como disse, não temos mais os grandes craques que jogavam sozinhos, é verdade, mas em compensação temos jogadores altamente técnicos, bons chutadores, precisos nos passe, e que aliam bem a velocidade e a força. Se não temos do meio pra frente os craques de outrora, temos uma defesa sólida que hoje é a melhor do mundo. Temos ainda um conjunto, uma equipe onde todos jogam,um entra o outro sai e o nível não cai.
E acima de tudo dessa vez, finalmente, temos um técnico que entende de futebol, que mesmo não tendo a sorte de seus antecessores de viver numa era recheada de craques que caiam da arvore e jogavam por música, fez um trabalho consistente de uma copa para outra como nenhum outro fez, potencializando e extraindo o máximo de jogadores medianos e formando um grupo que ganhou tudo que disputou, batendo rivais históricos como Argentina , Itália, Inglaterra, Portugal etc_ e que chega na copa em condições iguais a qualquer outra seleção de disputar o título e nos dar mais essa alegria.

Eu acredito na seleção brasileira e torço por ela.

Um abraço

2 comentários:

  1. Vai ser seguidor do meu Blog quando? Vinicius

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  2. Pô, Vini, eu não sei mexer nessas ferramentas aqui, meu amigo...mal consigo postar alguns comentários que, sei lá por que, travam!!! de qualquer maneira tô sempre lá lendo..
    abs!

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