Se Elisa Samudio hoje está morta, o Estado brasileiro deve ser responsabilizado, pois se omitiu quando chamado por ela a proteger a sua vida. O inquérito só foi concluído nove meses após a queixa. A lei, quando chamada, portanto, não compareceu para dar limites ao agressor, essa que é a verdade, vamos parar de rodeios e ter coragem de denunciar e tentar corrigir essa discrepância.
Quando uma mulher alega estar grávida de um homem, mesmo sem o teste de paternidade, é moralmente insustentável dizer que não há vínculo entre eles - como fez a ilustríssima juíza - pois o filho não é só responsabilidade da mãe, sabemos disso, a sociedade já evoluiu a esse ponto. Nesse caso, a palavra da mulher, até a comprovação científica da paternidade, tem de valer para fins de proteção de sua vida.O fato de uma juíza acreditar que, para não banalizar a Lei Maria da Penha, não poderia aplicá-la denota, nesse caso, uma interpretação deformada da mesma, preconceito de classe, visão exageradamente conservadora ou seja lá o que for...
E é bom a gente lembrar que aqui no Rio de Janeiro, foram concedidas medidas protetivas da Lei Maria da Penha a uma atriz contra seu namorado há uns dois ou três anos. Por que uma mereceu crédito e a outra não? Seria por que a queixa de uma atriz famosa e rica tem um peso diferente do que a de uma moça pobre diante da justiça brasileira? E se a queixa dessa moça pobre for contra um sujeito rico e famoso então..
É impressionante como ricos e famosos gozam do uso e abuso do poder interpretativo da lei aqui no Brasil, enquanto para os pobres e anônimos sua letra é cumprida de forma rigorosa e implacável.
Justiça de classe não tem outro nome . Se essa moça fosse rica e famosa e o seu namorado um borracheiro de uma oficina de uma favela de Jacarepaguá (onde foi feita a denúncia), ela teria toda proteção que socilitou e hoje estaria viva. E ele, provavelmente apelidado pelos jornais de "maníaco do martelo" ou algo do gênero, apodrecendo na cadeia sem direito a pena alternativa.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
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