Nesse momento delicadíssimo que passamos aqui no Rio de Janeiro se faz necessário mais do que nunca cautela e muito cuidado pra que a situação não fique pior do que esse nível insuportável que chegou
O Estado, representado nas forças da lei que se prepara para retomada definitiva da área mais perigosa da cidade , não pode de maneira nenhuma sucumbir ao clima alucinado de guerra (em níveis de espetacularização jamais vistos) produzidos pelas Organizações Globo. O jornal O Globo de hoje, que trouxe na capa a manchete O dia D do Rio, com uma charge de gosto duvidoso do Cristo Redentor coberto com roupa da policia, chegou a insinuar que a população "curtira" durante a tarde de ontem um clima de Tropa de Elite 3, numa alusão a cobertura ininterrupta da televisão na tarde de ontem.
O Globo vende o que o próprio jornal convencionou chamar de “guerra do Rio” já não é de hoje..Na época das primeiras UPPS chegou a usar a terminologia dos bandidos em tom de provocação, coisas do tipo: “ Tá tudo dominado”, viraram manchete de capa, muitos devem lembrar.
Na última grande operação da polícia realizada no Alemão, que foi cercada de muita polêmica com a morte de 19 pessoas em situações até hoje não esclarecidas, o jornal fez, no dia seguinte, uma entrevista com um policial excêntrico que se vestia como Rambo, fumava charuto e falava frases de efeito, num bar no centro da cidade. Dezenove pessoas mortas, algumas com tiros pelas costas, como ficou provado, e no dia seguinte eles apresentam um herói pra população? Isso é pra que se possa ter uma pequena idéia do tipo de jornalismo que realizam sobre o tema da violência aqui no Estado.
A situação é gravíssima , isso é inegável e deve ser tratada na exata medida em que precisa ser tratada, nada mais nada menos. O clima de guerra que eles querem transmitir a população a qualquer custo, prepara um terreno fértil de legitimação geral da violência para que a polícia entre naquela comunidade e extermine de uma vez por todas "o inimigo".
As imagens mostradas ontem na televisão revelaram para os que ainda tinham dúvidas o que muitos já cansamos de falar: Jovens confusos, fugindo de forma desorganizada e desesperada, alguns de chinelo de dedo, outros até descalços mas carregando um fuzil. Jovens que em sua maioria não tem o menor conhecimento de tática de guerra e organização militar, só entendem mesmo a linguagem do medo e da barbárie.
É preciso libertar a cidade da opressão e do terror imposto por esses grupos armados, não há a menor duvida disso. Mas penso que acima de tudo é preciso preservar em primeiro lugar a vida da gente que ali reside, que há anos vivem como mariscos na luta entre o rochedo e mar.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
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