domingo, 26 de agosto de 2012

A dimensão do profundo: o espírito

Leonardo Boff*
O ser humano não possui apenas exterioridade, que é sua expressão corporal. Nem só interioriedade, que é seu universo psíquico interior. Ele vem dotado também de profundidade, que é sua dimensão espiritual.
 
O espírito não é uma parte do ser humano ao lado de outras. É o ser humano inteiro, que por sua consciência se percebe partencendo ao Todo e como porção integrante dele. Pelo espírito temos a capacidade de ir além das meras aparências, do que vemos, escutamos, pensamos e amamos. Podemos apreender o outro lado das coisas, o seu profundo.

  As coisas não são apenas "coisas". O espírito capta nelas símbolos e metáforas de uma outra realidade, presente nelas mas que não está circunscrita a elas, pois as desborda por todos os lados. Elas recordam, apontam e remetem à outra dimensão a que chamamos de profundidade.

Assim, uma montanha não é apenas uma montanha. Pelo fato de ser montanha, transmite o sentido da majestade. O mar evoca a grandiosidade, o céu estrelado, a imensidão, os vincos profundos do rosto de um ancião, à dura luta da vida e os olhos brilhantes de uma criança, o mistério da vida.

É próprio do ser humano, portador de espírito, perceber valores e significados e não apenas elencar fatos e ações. Com efeito, o que realmente conta para as pessoas não são tanto as coisas que lhes acontecem mas o que elas significam para suas vidas e que tipo de experiências marcantes lhes proporcionaram.

Tudo que acontece carrega, existencialmente, um caráter simbólico, ou podemos dizer até sacramental. Já observava finamente Goethe:”Tudo é passageiro não é senão um sinal” (Alles Vergängliche ist nur ein Zeichen”). É da natureza do sinal-sacramento tornar presente um sentido maior, transcendente, realizá-lo na pessoa e fazê-lo objeto de experiência. Neste sentido, todo evento nos relembra aquilo que vivenciamos e nutre nossa profundidade.

É por isso que enchemos nossos lares com fotos e objetos amados de nossos pais, avós, familiares e amigos; de todos aqueles que entram em nossas vidas e que tem significado para nós. Pode ser a última camisa usada pelo pai que morreu de um enfarte fulminante com apenas 54 anos, o pente de madeira da avó querida que faleceu já há anos ou a folha seca dentro de um livro, enviada pelo namorado cheio de saudades. Estas coisas não são apenas objetos; são sacramentos que nos falam para o nosso profundo, nos lembram pessoas amadas ou acontecimentos significativos para nossas vidas

O espírito nos permite fazer uma experiência de não dualidade, tão bem descrita pelo zenbudismo. “Você é o mundo, é o todo” dizem os Upanishads da Índia enquanto o guru aponta para o universo. Ou “Você é tudo”, como muitos iogues dizem. O Reino de Deus (Malkuta d’Alaha ou ‘os Princípios Guias do Todo) estão dentro de vós”, proclamou Jesus. Estas afirmações nos remetem a uma experiência viva ao invés de uma simples doutrina.

A experiência de base é que estamos ligados e religados (a raiz da palavra religião) uns aos outros e todos com a Fonte Originária. Um fio de energia, de vida e de sentido passa por todos os seres tornando-os um cosmos ao invés de caos, uma sinfonia ao invés de cacofonia. Blaise Pascal que além de genial matemático era também místico, disse incisivamente; “É o coração que sente Deus, não a razão” (Pensées, frag. 277). Este tipo de experiência transfigura tudo. Tudo se torna permeado de veneração e unção.

As religiões vivem desta experiência espiritual. Elas são posteriores a ela. Articulam-na em doutrinas, ritos, celebrações e caminhos éticos e espirituais. Sua função primordial é criar e oferecer as condições necessárias para permitir a todas as pessoas e comunidades mergulharem na realidade divina e atingir uma experiência pessoal do Espírito Criador.

Esta experiência, precisamente por ser experiência e não doutrina, irradia serenidade e profunda paz, acompanhada pela ausência do medo. Sentimo-nos amados, abraçados e acolhidos pelo Seio Divino. O que nos acontece, acontece no seu amor. Mesmo a morte não nos mete medo; é assumida como parte da vida, como o grande momento alquímico da transformação que nos permite estar verdadeiramente no Todo, no coração de Deus.

*Leonardo Boff é autor de 'Espiritualidade: caminho de realização' (Vozes, 2003).


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

STF comprovará a tentativa de golpe de Estado tramada pela mídia

" denúncia do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, foi o mais atrevido e escandaloso ataque à Constituição Federal”.
                                                                        (José Luis de Oliveira Lima)
A mídia apostou todas as fichas na palavra do ilibado Bob Jefferson, mesmo tendo esta figura desprezível desmentido tudo depois.

Até aí tudo bem, a mídia nacional é essa coisa tosca que a gente conhece, tem seus interesses e faz o se-colar-colou que, por aqui, infelizmente, cola.
Mas um PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA se prestar a esse papel! Qualquer garoto estagiário de advocacia derruba Gurgel e o seu sósia (Jô Soares) num peteleco só.

A denúncia de Gurgel é inepta. Ao afirmar que a prova que instrui os autos da AP 470 é contundente quanto à atuação de José Dirceu como líder do grupo criminoso, o PGR ressaltou que Marcos Valério “confirmou que José Dirceu sabia das operações” e usa acusações dele." (ler artigo Cidadania.com)
Ou seja, Valério, além de ser um investigado a quem pesa suspeitas gravíssimas e que, portanto,  jamais poderia servir de prova testemunhal, está mentindo em tudo menos sobre Dirceu?!
Sinceramente: Viva a justiça brasileira!

Com a absolvição de José Dirceu, é inevitável a pergunta: E agora, Globo-Veja?

 Chega a ser rizível o argumento do Procurador Geral, pra tentar condenar sem provas, se baseando em depoimentos já desmentidos, mancehtes de jornal e tentando comover o publico citando Chico Buarque.
Não há uma prova nos autos que incrimine Dirceu, aí, além de ilações das mais pueris possíveis, o representante do MP encerra seu discurso citando um artista de renome na tentativa de abrir o Globo de sábado em grande estilo...esse é o Brasil!

Não há a menor dúvida disso: O julgamento de agosto é o julgamento também de uma imprensa que se baseou, durante sete anos, na palavra de um sujeito da envergadura moral de Roberto Jefferson pra tentar o golpe de forma sistemática contra o governo. Uma figura das mais deletérias de nossa vida política, com antecedentes desabonadores, cuja o nome figurava sempre em escâdalos de corrupção e que inclusive, como sabemos, já tratou de dizer que o "mensalão" (termo cunhado por ele próprio) nunca existiu.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/08/06/com-absolvicao-de-dirceu-stf-cai-no-sono/

Dirceu 1 x 0 Globo

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/08/06/advogado-de-dirceu-derrete-o-mensalao/

O mundo não acabará em Agosto

A richa ideológica da mídia com o atual projeto de governo impede o cidadão de entender o que, de fato, está por trás do jogo distorcido e perverso do sistema eleitoral brasileiro: O Capital.
" O poder econômico que regula o voto é o mesmo que regula o mercado da fé e o mercado da informação"

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5707

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20653

domingo, 5 de agosto de 2012

Mensalão: O maior exemplo de "opinião publicada" da história desse país

O excelente artigo de Paulo Morerira Leite mostra como a mídia nativa (corrupta, parcial e golpista) tb está sendo julgada nesse processo.
http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/constrangimentos-no-mensalao.html#more-14777