quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PT finalmente se manifesta em defesa do projeto de governo que mudou a cara do Brasil.

Antes de destacar os pontos principais desse documento histórico, queria fazer umas considerações. É inegável e salta aos olhos de qualquer cidadão com o mínimo de capacidade analítica e sensibilidade social, o que aconteceu no nosso país nos últimos 10 anos. O Brasil cresceu, distribuiu renda, aumentou o poder do salário mínimo, gerou milhares de empregos  e saiu - com políticas econômicas e sociais acertadas - do abismo inexorável para o qual estava caminhando nos anos de recessão e desemprego que o neoliberalismo do governo anterior estava nos levando. Quanto a isso já escrevi diversos posts nesse espaço.

A partir de 2002, vivemos num novo Brasil. Um país mais justo, com milhares de pessoas sendo incorporadas a vida social minimamente digna, com crianças deixando de morrer de fome, com uma economia mais sólida, aliançados com nossos vizinhos da AL e respeitados lá fora; isso é um fato, reconhecido hoje até pela mídia oposicionista.

Mas, por outro lado, não posso deixar de perceber que o lulismo, cuja lógica maior se deu através da intervenção radical na mudança de rumo da máquina governamental, está prestes a se esgotar. A contribuição do Partido dos Trabalhadores para o destino  do nosso país, relegado por quase 500 anos a sorte de uma elite predatória, que sempre governou apenas para si própria,  foi dada e estará marcada indelevelmente nos livros de história.

Mas creio que é chegada a hora de um novo passo, uma nova lógica de governança, um novo horizonte precisa se abrir para além da inclusão social e, paralelamente a isso, uma nova forma de fazer política urge em nosso país.

O episódio do chamado "mensalão"  fecha um ciclo, que ao meu ver, deve ser aproveitado pelo partido para fazer uma profunda revisão e , acima de tudo, uma autocrítica com relação aos caminhos, antes inevitáveis , que teve que trilhar. E por que eu digo “antes”? Porque, naquele momento, não havia alternativa ao PT recém chegado ao poder que não o de se aliançar as velhas raposas do cenário político nacional, e jogar o único  jogo a ser jogado dentro desse sistema podre que virou o presidencialismo de coalizão brasileiro.

Era aquilo que se dispunha pela frente pelas vias democráticas possíveis, ou então dar uma banana para os velhos coronéis e os demais gangsters do nosso cenário político, governar com as bases e o povo, como fez Chávez na Venezuela. Mas aí eu convido você a uma reflexão honesta agora: Se governando com Sarneys, Renans e Jeffersons da vida, sem incomodar os banqueiros e sem mexer na estrutura fundiária desse país, já se causou um alvoroço desses na “Casa-grande”, imagine se o PT resolve chegar lá e ser o velho PT de sempre, radical, isolado e amarrado na  bandeira vermelha terror dos generais e da direita desse país?

A resposta é essa mesma que você está pensando: Não completaria nem um ano no poder. Seria defenestrado pela elite nacional com toda a força e por todos os meios de que sempre dispuseram: Na mídia, nas instituições jurídicas e, quando necessário, até nos quartéis. É isso mesmo, a nossas elite é tão egoísta, o nosso país é tão desigual e de mentalidade ainda escravocrata que o pensamento dos eternos donos do poder, que não suportam sequer dividir os “seus” aeroportos, é o mesmo revelado certa feita pelo senador do DEM, Jorge Bonhausen que disse em tribuna que o "Brasil tinha mais é que se livrar dessa raça pelos próximos 20 anos."

Bom, mas voltando ao que dizia, acredito firmemente que o momento agora é outro. O PT já está no poder há uma década, com ampla aprovação popular e caminhando para sua quarta vitória nas urnas!  Nesse tempo, logrou um capital político suficiente para começar a se livrar, pelo menos aos poucos, de certas figuras indesejáveis. Hoje, gente da estirpe de um corrupto rasteiro como Roberto Jefferson, não pode mais ditar as cartas nesse jogo de barganha obsceno dos subterrâneos da política. Vejam agora o enorme prejuízo que foi ter aceitado participar de um esquema nacional para pagar caixa 2 a essa gente. E pouco importa se é uma praxe do nosso sistema, pouco importa se isso é feito até no PSOL do puríssimo Chico. A diferença é que a sobra de campanha lá vai pra alimentar a “ralé” e não para uma  raposa de altíssima periculosidade como o ex-presidente do PTB. Dar dinheiro pras galinhas e ser descoberto, é só ir mandar elas cacarejarem noutro galinheiro, mas pra raposa não, a raposa, cai atirando, e aí deu no que estamos vendo hoje.

E tudo que a nossa mídia queria era uma história mirabolante como essa, não importa que tenha vindo da boca de um mitômano incurável dos tempos do "Povo na Tv", envolvido em escândalos e mais escândalos de corrupção, o que importava era “tirar a raça de lá a qualquer custo”, mobilizando  a opinião pública diuturnamente e interferindo até no ego e na suprema vaidade de déspotas togados.

O partido agora tem a obrigação de fazer uma profunda revisão para iniciar um novo ciclo na sua trajetória de poder. O lulismo, ao meu ver, conforme diagnosticado pelo André Singer, está saturado. O Brasil precisa de mais. Precisa caminhar sobre outras bases.  Estamos prestes a erradicar a miséria extrema, os programas de transferência de renda ainda precisam fazer a roda girar, mas não é só o nosso sistema político que precisa ser reformado, o nosso quadro social começa a apresentar preocupantes sinais de esgotamento. A inclusão de brasileiros no mercado, o acesso a cidadania via consumo, foi extremamente necessário, mas já começa a cobrar seu preço.

É preciso investir em Educação urgente, aliás é preciso uma revolução educacional nesse país para que lá na frente não lamentemos uma crise de valores tamanha que pode comprometer não só a vida nas cidades e no campo, mas o meio ambiente, as famílias e todo nosso organismo social. O brasil precisa dar um salto civilizatório, sob pena de deixarmos milhares de brasileiros a mercê dos parâmetros fúteis e vazios de uma  elite ignorante, consumista e preconceituosa.

E enquanto a mídia empresarial e a direita partidária sabotam a Reforma Política para continuarem lucrando com a corrupção e fazendo a classe média acreditar no seu discurso moralista-udenista, é possível sim fazer diferente, deixando aquelas velhas práticas para trás e inaugurando um novo momento. Sair do lado dos caciques do PMDB e, de mãos dadas com o povo que sempre esteve junto em todas as horas, buscar apoio na imensa população trabalhadora desse país, que acredita nesse projeto e sente a melhora da vida na pele, caminhar com o povo do campo promovendo a Reforma Agrária e chamando os movimentos sociais para o centro da agenda política. É assim que tem que governar um partido da envergadura do PT, a hora é agora !

A direita brasileira jamais perdoará a chegada de intrusos no poder, jamais.  Que esse episódio, com a prisão de dois líderes gigantescos da esquerda, José Dirceu e José Genuíno, dois homens que contribuíram decisivamente para que hoje vivamos numa democracia, sirva de lição para o futuro.

Um Brasil ainda melhor está surgindo. Eu acredito!



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