O Globo, sem querer, admite ter lado.

"..Velha mídia, assuma de uma vez por todas o seu lado e caminhemos com mais transparência no Brasil.

É Guerra?! Jabour ontem convocou os colegas pra uma possível guerra em sua coluna, o que foi aquilo?! Terá sido mais um arroubo de raiva de sua parte, ou talvez - pra usar essas expressões esquisitas que ele adora - uma espécie de confissão inconsciente que estava reprimida?

Sejamos sinceros, amigos: Só o tolo dos tolos não enxerga mais isso. Não precisa ser muito inteligente ou perspicaz pra perceber que a velha mídia, em sua grande maioria, odeia sim “essa raça”(como já andaram chamando por aí). Há quatro anos eu venho falando disso sistematicamente e agora, claro, com o aproximar das eleições mais ainda, já que, como já era de se esperar, a coisa recrudesceu a níveis insuportávei. Até pane no Metro de São Paulo, a tônica é na depredação popular e numa possível sabotagem de petista!

Eles não tema mais limites. É uma guerra mesmo. Odeiam um lado e simpatizam com o outro, isso é fato. Querem a prova mais cabal? Toda a ideologia encontrada em um dos lados dessa disputa eleitoral está absolutamente em sintonia com os editorias dos grandes conglomerados midiáticos (Globo, Veja, Folha etc.) O esvaziamento do Mercosul, os ataques a Bolívia, o achincalhe a Cuba, a posição sobre a Venezuela, a condenação da diplomacia no Irã e a falta de crítica a Israel, a visão conservadora sobre programas sociais, a defesa do latifúndio e do agronegócio, a criminalização dos movimentos sociais, a questão do desarmamento, a redução da maioridade penal etc. Tudo, absolutamente tudo o que pensam sobre o Brasil está perfeitamente alinhado entre PSDB/DEM e as famílias Civita, Marinho e Frias.

ENTÃO POR QUE NÃO ASSUMEM LOGO? E aí tudo fica mais claro. Por que não fazem logo como os jornais americanos que são declaradamente republicanos?

Melhor que seja assim, mal comparando é como a questão racial, creio que seja “melhor” (entre aspas pelo amor de Deus) um racismo declarado onde detecta-se o doente do racista do que um racismo velado, de tapinha nas costas e porrada por trás.

A coisa chegou num nível que a credibilidade da mídia, está ameaçada seriamente de ir pro espaço de vez. Os milionários donos dessas grandes empresas de informação tem uma visão de Brasil tão específica e delineada - no caso ultra-conservadora - que no afã de querer difundi-la estão metendo os pés pelas mãos batendo por todos os lados que encontram (e que não encontram) no grupo político que vai contra suas expectativas. Jabour tem razão, virou uma guerra mesmo. Se comportam sim como um partido político raivoso e desesperado.

E muitas vezes notícias sérias que poderiam ser tratadas com isenção e equilíbrio levando a sociedade a uma reflexão, extrapolam sua dimensão real, sendo jogadas na ciranda alucinada da escandalização a qualquer preço. Pegam uma caso de nepotismo (que é grave) pra tentar atingir o cerne da nossa democracia, tendo como única fonte confiável pra fazer isso a palavra (só o testemunho oral) de um ex-preso por roubo de carga e falsificação de documentos, que no JN vira consultor e empresário. Meu Deus, e lembrar que o Watergate que derrubou Nixon foi rigorosamente investigado por quase um ano!

A quem eles pensam que vão continuar conseguindo enganar? Daqui a pouco só vai sobrar mesmo aquele ricaço totalmente irreflexivo que vai pro clube de manhã tomar sua caipirinha e encontra mais meia dúzia de iguais pra ficar falando que o PT come criancinh, vai invadir sua casa etc.

A raiva dessa guerra insana empobreceu a informação a um ponto lamentável e perigoso. Eles entraram num tiroteio frenético e parece que não vão recuar.

Zuenir Ventura, mesmo não falando uma verdade hoje em sua coluna, talvez por desinformação – pois diz que o MST organiza manifestação contra o golpismo midiático quando sabemos que o CMI-Barão de Itararé é o verdadeiro organizador – num dado momento diz, mesmo que muito sutilmente ou nas entrelinhas, como queiram, que os meios de comunicação estão se engajando politicamente e não assumem isso.

Ora, assumir esse engajamento já seria um grande passo. A guerra franca e declarada não é boa, mas pelo menos é igual a jogo limpo. O Jabour pede isso, e talvez seja melhor mesmo que seja assim.

Melhor do que ficar essa coisa pra inglês ver, esse joguinho cínico de “nós somos isentos a favor da democracia e da liberdade de expressão enquanto desqualificam os que ousam pensar diferente deles. Cada vez mais eu me convenço que esses grandes grupos são a favor mesmo é da liberdade de empresa e não de expressão, o que é uma grande diferença, e tremem de medo só de pensar na possibilidade de abrir a concorrência e democratizar a informação no Brasil. Querem continuar concentrando informação, falando o que quiserem, sem serem “incomodados”.

Eu acho bom que eles estejam repercutindo a questão do golpismo, mesmo dessa forma distorcida – que parece sera única que sabem fazer – pois quem sabe aí os leitores desses jornais, não começam a fazer finalmente uma reflexão cuja possibilidade quase lhes é negada por essa artilharia sufocante que mal os deixa pensar, apenas reproduzir.

Se tiver que ser guerra, como parecem querer, então que dela surja uma reflexão sensata sobre o papel perigoso e de mediocrização da informação que a velha mídia vem desempenhando no nosso país.

Já que pedir isenção parece ser impossível a essa altura do campeonato, pelo menos brademos pelo fim da hipocrisia: Velha mídia, assuma de uma vez por todas o seu lado e caminhemos com mais transparência no Brasil.