quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Globo joga contra a população do Rio

Quando teve início a ocupação da policia militar no Pavão-Pavãozinho, o jornal da família Marinho publicou na sua capa uma manchete irônica, de péssimo gosto e falando a língua dos marginais: “Tá tudo dominado!” No dia seguinte, a coisa conseguiu piorar ainda mais: "Morros da Zona Sul estão ocupados: Só falta Rocinha e Vidigal” . Um total desrespeito aos moradores de Botafogo, Flamengo, Laranjeiras, Cosme Velho, locais que ainda convivem com a presença do tráfico e que para eles não fazem parte da Zona Sul .

Agora é a vez da Zona Norte. O jornal, propositalmente, da destaque de capa a fala infeliz e irônica do Coronel que diz que "o morro da Formiga até um escoteiro poderia ter tomado" fazendo uma alusão que o grupo que controlava as coisas por ali não era de nada.

O que esse jornal de quinta categoria – que se espremer sai sangue e sacudir preconceitos e mentiras - faz é promover o ódio e a guerra, não tem interesse nenhum no bem estar da população carioca e principalmente das pessoas que moram nessas localidades. A cada ocupação da polícia eles vão afrontando os marginais, se julgando porta-vozes de uma população carioca que, na cabeça deles, quer vingança a todo custo.

Não é verdade. Essa parcela da população que deseja a guerra, o confronto e extermínio dos marginais (e se possível da favela inteira) é uma minoria concentrada numa faixa específica de Ipanema-Leblon e alguns outros redutos de classe-média alta e ricos da cidade. Ou seja, entre eles, os pares da família Marinho, Ali Kamel, Cora Ronai etc.

Urge que repudiemos com veemência esse tipo de conduta do jornal. O jornal O Globo, com a penetração que tem no Rio de Janeiro, tem que ter responsabilidade, não pode brincar de “guerrinha” aqui na nossa cidade já tão castigada e dolorida que vive há quase trinta anos nessa guerra doentia que muito sangue esparramou nos morros e nas ruas..

Ao invés de ficarem brincando com uma coisa muito séria, por que não procuram falar da possibilidade de reintegração social dos jovens que dali saem que existe e é concreta. Meu Deus, pra que apostar na burra lógica da guerra?! Mais notícias como essa: “Tá tudo dominado” “ até um escoteiro tiraria eles de lá..” e sabe-se lá qual mais baixa vai ser a próxima, fato é que mais provocações desse tipo podem ir esgarçando a coisa de uma tal maneira que corremos o risco de ver um efeito colateral, que sabemos muito bem qual é, acontecer desnecessariamente.

E pra eles é tranquilo. Estão protegidos em seus helicópteros e blindados no conforto de suas mansões, ganhando mais dinheiro com a venda de jornais enquanto do lado de cá a população sofre com mais violência.

Brincar coma nossa dolorosa situação social nas capas de jornais é inadmissível e merece o repúdio do cidadão carioca de bem.

3 comentários:

  1. Sou de Curitiba, morei no Rio cinco anos, tenho uma filha que mora no Leblon. Amo esta cidade. Sofro e fico louco como ele é tratado por este jornal, e tudo o que ele representa. Manda ver, pau neles, até que sejam colocados no seu devido lugar. Viva o Rio. Antonio.

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  2. Simples. Não compre ou assine este lixo.

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  3. Essa seria uma solução individual, mas entendo que o que está em jogo aqui é a coletividade. Estou convicto que a leitura crítica de um jornal aqui no Brasil, o lugar do mundo onde a imprensa mais se cria, tornou-se um imperativo exercício de cidadania. Aqui no Rio de Janeiro a coisa se agrava. O jornal da família Marinho é a fonte de informação de quase 100% dos leitores. A opinião publica é formada ali, é muito poder na mão de um veiculo só, é o pensamento único em estado bruto, e põe “bruto” nisso!

    Tentar trazer o contraditório à ideologia ultra-conservadora que esse veículo impõe diariamente aos cariocas acho que é necessário. Eu tento fazer minha parte aqui e em outras esferas.
    abs

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