http://www.viomundo.com.br/falatorio/adilson-filho-em-defesa-do-futebol-chato.html
Vitória da Espanha, derrota da Globo
Em 2010 a
Globo se vestiu de vermelho e amarelo. Enalteceu o futebol espanhol até não
poder mais — “aquilo sim era o verdadeiro futebol arte!” — enquanto descia a
lenha e fazia a cabeça da massa contra a seleção brasileira. Era a manjada
técnica do elogio instrumental: usavam a seleção espanhola para atingir Dunga,
que, após alguns embates, chegou na Copa do Mundo como desafeto da Vênus
Platinada.
Quando o
time espanhol parou no “ferrolho-suiço” eles ficaram perdidinhos. É sempre
assim, quando o ponto sai fora da curva, quando alguma coisa foge do que está
ali programado pra encaixar nos argumentos, é a morte de uma imprensa fraca e
golpista. Aí eles mostram toda sua contradição e incapacidade técnica de
analisar o esporte. Depois a Espanha se recupera, vai lá e ganha a Copa. Deu
pra ouvir o “ufa” daqui do Brasil.
Dois anos
depois, essa mesma Espanha, esse mesmo time, já não serve mais. De futebol arte
passou a ser chamado de futebol chato. De grandes jogadores a máquinas
programadas e previsíveis. “Chato”, “enjoado” e “cansativo” foram os
comentários mais ouvidos esses dias nas colunas esportivas. Os comentaristas
globais, na hora do jogo, são mais Itália, um deles chega a dizer : “A Espanha
é um grande time mas meu coração hoje é italiano”.
Luis
Fernando Veríssimo, em sua crônica dominical matou parte da charada: inveja.
Ele tem razão, a atual fase do futebol brasileiro — que vai mal das pernas,
apesar das grandes promessas — faz com que muitos desdenhem a bola redonda que
é jogada por outras escolas, entre elas, essa Espanha – duas vezes campeã da
Eurocopa, atual campeã mundial e que possui os dois melhores times do mundo
(base da seleção nacional).
A outra
parte da charada está no lado “impublicável” da turma dos “bem amigos”. A
Espanha tem a mesma formação, o mesmo time e joga essa mesma bola redonda há
pelo menos cinco anos.Na África do Sul, virou menina dos olhos da Globo, mas
foi só os seus interesses empresariais serem devidamente reestabelecidos –- na
famosa ida de Ricardo Teixeira a mesa do Galvão Bueno no dia seguinte a grande
final — para que, menos de dois anos depois, essa mesma equipe já não fosse
mais “tão boa assim”, a ponto de chegar a ser rotulada como inventora do
futebol-chato.
Pra variar
é sempre tudo muito óbvio, os esforços agora estão concentrados em levantar o
futebol brasileiro a qualquer custo, botar tudo nas costas do moleque moicano e
ver o que vai dar.
Só que
esqueceram de combinar com os russos, ou melhor com os espanhóis. O timaço
liderado pelo craque Iniesta, com toque de bola envolvente , dá de goleada na
Itália, e levanta o troféu da Euro-2012 — competição disputada em alto nível
por grandes equipes.
Chato,
realmente muito chato…
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