terça-feira, 4 de setembro de 2012

Se até a Época reparou, é porque a coisa tá mesmo feia pro Farol de Alexandria

"...Os carinhos desmedidos são tantos, e tão intensos, que muitas pessoas acreditam, como se fosse um fato demonstrado cientificamente, que tudo o que aconteceu de bom no Brasil depois de 2003 é fruto da herança do governo FHC.
Tudo: do Bolsa Família ao crescimento duas vezes maior do que na década anterior, a redistribuição de renda, a valorização do salario mínimo, o reforço nas garantias dos assalariados, a reação imediata ao colapso dos mercados.
Alfredo Bosi, que dedica vários parágrafos de Dialética da Colonização a criticar FHC, admite que se trata de uma águia intelectual – consegue enxergar, muito longe, mudanças e evoluções que escapam aos observadores pedestres.
Os mimos ajudam a explicar o último artigo de FHC, publicado no Globo e no Estado. O texto tem o título de “Herança Pesada” e se dedica avaliar o governo Lula. Pode ser resumido nestas 21 palavras:
“É pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação.”Vamos combinar. Fernando Henrique entregou um país com a inflação em dois dígitos. Os impostos foram às alturas e só os bobos e acham que a carga tributária é obra de seu sucessor. O desemprego subiu. Sua popularidade era negativa em 13 pontos. Quando foi positiva era menor que a de José Sarney do Plano Cruzado. E antes que você diga que isso é populismo, não custa lembrar que, numa democracia, a opinião popular é (ou deveria ser) muito importante. Essencial, na verdade. Todos os políticos deveriam saber disso.
E a herança de Lula é que é “pesada como chumbo?” Gerou “males morais e prejuízos materiais”?
Falando sério. Em tempos de mensalão, não custa lembrar que o único caso comprovado de compra de votos por dinheiro (“compra de consciências,” como disse o PGR Roberto Gurgel) ocorreu no governo FHC, para aprovar a reeleição.
É mimo demais.
Há um sujeito oculto neste debate. Ora é o sociólogo, distanciado, culto, crítico. Aqui valem as ideias. Ora é o político, engajado, direto, interessado. Aqui residem os fatos.
A arte consiste em escrever como presidente para ser lido como sociólogo."

Matéria completa:

http://colunas.revistaepoca.globo.com/paulomoreiraleite/2012/09/04/ex-presidente-mimado/



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