terça-feira, 11 de outubro de 2011

E agora, Rafinha Bastos?

Sobre esse caso envolvendo o homorista do CQC, considero-o emblemático no seguinte sentido: Ficou absolutamente claro que aqueles que pretendem fazer o humor dito “polticamente incorreto” aqui no Brasil o direcionam apenas a quem não tem como se defender ou não tem cacife midiático para tal.

Digo sem medo de errar, que não se trata apenas das minorias históricas e de pobres. Como fez o repórter Vesgo do Pânico humilhando um gari no Shopping da Gávea no Rio. Só isso era pra gente de indignar e bradar contra.

Mas aí é que tá X dessa questão, não é só isso, mesmo entre os políticos e celebridades eles sabem com quem podem mexer, só “vão na boa”, se é que me entendem..São calculistas, e isso pra mim faz com que além do desprezo que já sinto por fazerem piadas absurdamente infelizes - como aquela com órfãos - os tenha na condição de covardes e “pseudo- artistas”, pois identifico ali um claro limitador para o pressuposto básico de qualquer manifestação artística: liberdade de criação.

Sem dúvida essas pessoas que se julgam artistas, vivem num engano profundo, vendem uma coisa (o humor do politicamente incorreto, ou negro etc_) mas no fundo o que fazem é bater apenas em cima de cartas marcadas. Claro que a liberdade de criação num canal de televisão será sempre de alguma forma limitada poderá se dizer, mas, ora bolas, então não escolha o caminho do humor “doa a quem doer”, pois sabemos que no fundo não é nada disso que se faz mas sim o humor “doa a quem sempre esteve acostumado com a dor”

A coisa fica muito, mas muito feia, é passar atestado de covarde e corrompido pela grana: Com o Gari pode mas com o Dr. Advogado nem pensar, com o Sarney pode escrachar a vontade mas com o Maluf a gente pega leve e dá as costas pra ele deitar e rolar e ser engraçado tb...Com a Argentina está liberado falar até da bomba atômica explodindo aquele povo, mas com Israel nem pensar, pois não querem problemas com os judeus de Higienópolis...E por aí vai..

Por fim, quanto a piada que detonou isso tudo - sobre o bebê da Wanessa Camargo - apesar da opinião negativa que tenho sobre a figura de Rafinha Bastos que prefiro agora não externar, devo ser justo e dizer que não acredito que ele tenha tentado incentivar o estupro de grávidas, a pedofilia ou coisa do gênero. Acho que temos que ter argumentos um pouco mais sofisticados pois creio que esse discurso não resiste a dez segundos com uma pessoa minimamente crítica.

Pelo tom de sua ironia, pareceu-me mais ter empregado ali também o recurso da hipérbole; quando Marcelo Tas “levanta pra ele” o fato dela estar grávida (tudo devidamente ensaiado, claro) e ele diz: “Pois eu comeria ela e o bebê dela juntos”, fica ali pra mim, bem claro, o tom provocativamente exagerado, até por suas expressões.. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos como Caetano ao se referir a Leonardo de Caprio ou Raul Seixas que nunca quis transar com Deus em suas “Aventuras na cidade de Thor.”

A comunicação se dá também na expressão gestual, basta observar e perceber o contexto, o que é fundamental numa análise. Ora não é preciso varar a Duvivier as cinco pra entender que Cazuza não tava querendo trepar com a própria mãe, caramba..

Agora, com certeza, é bem diferente da Marta Suplicy (PT-SP) que na campanha eleitoral fez insinuações diretas a sexualidade do seu maior adversário.

Fazendo uma comparação, creio que a chance de acontecer uma agressão homofóbica como a lâmpada que explodiu na cara de um jovem na Av. Paulista é muito maior devido a declaração da senadora do que a de alguém estuprar uma criança por que viu um pretenso artista falando uma bobajada daquelas sem graça ao lado de outros bobões tão sem graça quanto..

Fato é que é difícil saber, muito difícil de julgar ali na hora sua intenção - embora tenha dado aqui minha opinião – por isso, fugindo do sexo dos anjos, meu questionamento na verdade é outro: Será que ele faria a mesma piada, por exemplo, com a Ivete Sangalo? Sabemos que não e esse é o ponto.

Volto a dizer, esse caso é emblemático porque pegaram um rapaz que se vendia como “ o destemido” de calça curta, justamente onde ele achava que jamais seria pego e estaria protegido. Mal sabia ele que por trás daquela “moça brega” filha daquele cantor sertanejo “bom de sacanear”, tinha gente muito poderosa, as mesmas pessoas que ele se borra de medo e sabe que não pode mexer de jeito nenhum. (o que também é péssimo, sem dúvida).

Seria mais ou menos como se aquele gari humilhado pelo rapaz do Pânico na TV no Shopping do Rio fosse na verdade um advogado super poderoso que estivesse ali disfarçado, ou fantasiado e jogasse-lhe um processo, tudo ao vivo com a casa caindo devidamente registrado pra quem quisesse ver.

No meio de toda polêmica, uma coisa é fato depois do episódio RB: Pra quem ainda acreditava, acabou de vez a credibilidade e o “barato” de programas do tipo CQC. Vendem um humor implacável, generalizado e sem fronteiras mas no fundo são covardes, pois só batem pesado em quem não tem chance, limitados, pois só escolhem “os manjados estereótipos de sempre” e hipócritas, pois levantam a bandeira da liberdade de expressão mas são no fundo (como o todo o PIG) inimigos desta, como pudemos perceber na demissão do colega de bancada.

2 comentários:

  1. Excelente argumentação!

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  2. Muito Bom, Parabéns. A melhor foi a pergunta se ele faria uma piada assim com a Ivete sangalo. CALCULISTAS, COVARDES.

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