terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Copa do Mundo e os mitos que ainda persistem


O dinheiro investido nos estádios poderia ser investido na educação?

Não. Esta é uma frase folclórica, um slogan repetido por aí há meses sem o menor sentido. O dinheiro para educação é da monta de quase três vezes do total investido no evento inteiro. Uma verba não tem nada, absolutamente nada a ver com a outra.

Infelizmente, o argumento desconhece a natureza e os labirintos de um orçamento público e da previsão orçamentária nacional. Só que é repetido incessantemente por gente de boa fé, alguns inocentes-úteis , mas tb por muita cobra-criada que sabe como a coisa funciona, mas se faz de desentendida pra ver o circo pegar fogo.

Aí entra o papel das velha mídia e dos arautos do caos. Como as oposições midiáticas e partidárias não podem expor o seu programa verdadeiro, o que lhes resta é apostar no caos, numa catástrofe que arrebente o país por dentro e internacionalmente. Nada melhor do que a Copa. Nada melhor do que o fracasso da Copa. Assim, nada melhor do que a violência durante a Copa.

Os arautos na mídia dizem que são contra, que não pregam a violência. De fato: não pregam. Mas chamam. Esperam. São ardilosos, provocam incitam até onde podem o reacionarismo na classe média, depois que o saco de neguinho explode e reage nas ruas, aí eles se fazem de democratas e pacíficos, criminalizam e entregam black blocs  e sininhos de bandeja pra sociedade linchar a vontade. Se conseguíssemos perceber só uma parte do movimento das mentes que comandam os meios de comunicação no Brasil, certamente seríamos cidadãos  menos manipuláveis.

Outro dia,, na entrevista de um black bloc no  Estadão, um deles dizia que ‘foram abandonados pelo Movimento Passe Livre’. Desculpa mas só dando muita risada disso. Caramba, não é justamente o contrário?! A presença deles é que esvazia as manifestações, e até as impede, como já  aconteceu com  a manifestação suspensa dos motoristas e cobradores no Rio de Janeiro, e dos professores ano passado.

Já falei o que penso, protesto é justo e legítimo. Tenho protestado contra a corrupção na Fifa há mais de dois anos, indo para as ruas, apoiando os moradores da Vila Autódromo, ao lado dos moradores da Adeia, do Horto e tudo que esteja envolvido na lógica das remoções do capital na cidade. Mas é bom que saiba bem o que se quer, que se tenha informação para não se deixar tomar pelo ódio e a violência como método  e não como justa defesa de um movimento popular organizado.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Não, você não é melhor do que ninguém, não do que esse homem, isso eu garanto.

Eu queria dizer aquelas pessoas que tenho visto por aí atacarem de forma estúpida Philip Seymour Hoffman, o ator extraordinário encontrado morto em sua casa, no domingo, que procurem olhar mais a si mesmas, observar mais as suas vidas, antes de falar de alguém e do que leva uma pessoa a fazer isso ou aquilo consigo mesma.

A morte por overdose de heroína é algo terrível, nos deixa perplexos pois o desfecho é mesmo assombroso. Mas, por favor, não vamos nos esquecer que estamos falando de um ser humano de um talento fenomenal, que em suas atuações arrebatadoras já elevou  a almas de milhares de pessoas mundo afora, como o enfermeiro de Magnólia, ao se fazer, com extrema delicadeza, de "ponte" para o perdão entre pai e filho.

Não, você não é melhor do que ninguém, não do que esse homem, isso eu garanto. Chega de hipocrisia.

Você que hoje só consegue rir de verdade depois de algumas doses de álcool e, sem se dar conta, foi perdendo aos poucos o cheiro e o sabor das coisas boas dessa vida.

Você que não passa um dia sem umas boas tragadas no cigarro, cujo nível de dependência física é o mesmo da droga de escolha de Phil, que além do mal que causa a si mesmo as vzs tb colabora para provocar mal em terceiros, já que o fumo passivo é uma das maiores causas de morte no mundo.

Você que não resiste ao consumo de produtos que nem deseja mais, saiba que sua oniomania tb é um distúrbio.

Você que só consegue ter prazer numa conversa quando está envolvendo terceiros e fazendo futrica.  Não há droga mais pesada para o espírito humano do que a maledicência.

Você que ataca políticos e PMs com todo seu ódio,  mas que, atolado em suas pequenas corrupções diárias, é incapaz de ver a parte que lhe cabe nesse desmando social que vivemos.

Você que elege seus heróis e seus bandidos fabricados pelos meios de comunicação, que não tem o mínimo cuidado com aquilo que professa e divulga e leva uma vida desapegada da justiça, saiba que pior do que viver no engano, é colaborar para levar outras pessoas para o mesmo lugar.

Você escravo da vaidade cuidado, overdose de si mesmo tb mata, pois nada mais angustiante e definhador do espírito do que tentar preencher um vazio de alma com aquilo que não somos.

 Eu, com meus vícios de conduta que afetam aqueles que me amam, questões recorrentes que atrapalham minhas relações com as pessoas, meus eventuais descontroles e outras coisas, muitas das quais sequer imagino...

Não somos melhores do que ninguém, pelo menos não do que esse homem. Enquanto estivermos nesse corpo, nesse planeta, podemos até fazer um outro movimento em direção a nos tornarmos seres um pouco mais limpos de todas essas "drogas", e tb mais conscientes;  mas creio que sempre teremos algo de nós preso a 'alguma pedra na estrada', pra gente nunca se esquecer de quem somos. E não julgarmos ninguém.

Ninguém é melhor do que ninguém, ninguém. Daquela líder política defensora do verde, que prega o novo  mas se alia aos velhos coronéis que tanto criticou, do presidente de côrte que a cada dia mostra parecer  ter as mesmas práticas que condena, do jovem "bem-nascido" que faz justiça pelas próprias mãos mas que dirige bêbado colocando a vida de inocentes em risco; dos líderes espirituais das mais belas palavras, desde os que manipulam pessoas pobres com seus dízimos, os que impedem o desenvolvimento da ciência e jogam contra a vida humana até o mais dócil dos seres, que prega a simplicidade mas permite que lhe beijem os pés.

Se olharmos mais para dentro de nós mesmos, talvez não sejamos mais tão agressivos com todos os alvos fáceis que essa rede social nos oferece diariamente pra bater, talvez sejamos mais tolerantes com as diferenças e os 'pecados' alheios, possivelmente nos desintoxicaremos das porcarias que nos consomem e certamente seremos mais confiantes a ponto de não colocar nossa felicidade em nada nem ninguém nesse mundo.

Descanse em paz, Phil!


Uma pequena homenagem a Eduardo Coutinho

Republicando post de 2011 (Sobre o documentário "As canções")

O novo documentário de Eduardo Coutinho ( de Edifício Master) é um espetáculo pra se aplaudir de pé! E é exatamente isso o que o cinema faz, ao final da sessão. Aplausos e lágrimas. Nesse filme não há paisagem, fotografia ou retrato de nada..O cenário é o palco, a cadeira, o sujeito;  a imagem é pra dentro, pra dentro daquelas vidas, daquelas pessoas cheias de história tão comuns e ao mesmo tempo tão singulares.

Um mergulho profundo que damos dentro de almas tarimbadas pelos anos e pelas vicissitudes da vida -  almas cheias de vida, vidas cheias de tudo que se possa imaginar, e as canções (de cada um, a cada maneira) estão ali, como uma espécie de trilha sonora do tempo e do "filme" de cada "personagem".

Impressionante ver o que Coutinho consegue arrancar das pessoas.  Que talento pra disparar emoção de forma simples e deixar as coisas fluirem, por conta de cada um, que parece dar ali muito mais do que o diretor necessita.

E claro não dá pra deixar de falar no poder mágico e transformador da música. Seja no trabalho, no carro, no banheiro, ou atravessando a rua assobiando uma canção...Como dizia Bob Marley: "É o sopro de Deus na vida do homem!"

É esse o tipo de justiçamento que queremos? O que estamos nos tornando em pleno séc XXI, bárbaros medievais? É isso??!

"A mentalidade reaça de muita gente abastada provoca um prazer doente e grosseiro com a imagem do negro pobre favelado no pelourinho improvisado. Uma sociedade que tortura grande parte da sua população, justamente a destinada aos serviços mais pesados e necessários - mas que não garante alimentação, moradia, atendimento médico, escola de verdade, cidadania, informação,... - não tem moral pra punir os criminosos que ela mesma cria, com a miséria em oceano à volta de bolhas de luxo e classes médias apavoradas e isoladas em seus condomínios, atrás de cercas eletrificadas, de guaritas e segurança particular. Cegos em sua visão primária, raivosa e terrorista, não querem justiça social, não querem os direitos básicos da maioria atendidos, não querem um ensino de qualidade, nem cidadania para todos - o que desejam é vingança, tortura, como se a criminalidade se produzisse por conta própria. A velha prática de culpar as vítimas, sem perceber que elas agem da mesma forma que o Estado age com elas, desde o nascimento. Cegueira classista de quem não admite enxergar a realidade como ela é, por pura conveniência de seus interesses mesquinhos, egoístas, de sua alienação voluntária - daí o ódio sem limites.Esta cena deprimente aconteceu no Flamengo, sábado. Uma demonstração do que é a nossa sociedade, um sintoma da guerra social subterrânea criada pra manter tudo como está, ou seja, um punhado de podres de ricos por cima de tudo, e o resto existindo em sua função, iludidos com promessas de consumos impossíveis e desfrutes improváveis pra maioria. (Eduardo Marinho)

Compartilho da indignação do amigo



Precisamos falar sobre Dilma

O mundo carece disso.  A cultura da simplicidade é vital no combate ao grande mal de nossos dias: a desigualdade. O oposto dela – o culto da opulência e do consumo conspícuo – acaba levando a uma corrida frenética para ver quem tem mais dinheiro, e a raiz de iniquidade reside aí.