quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Globo fecha o ano com pérola do jornalismo-vergonha.

Parece inacreditável mas é verdade: Nem ela acreditou no que estava sendo obrigada a fazer.Pressionada por seus patrões, entrando ao vivo no JN, nem toda aquela rigidez estética era capaz de esconder tamanho desconforto.
É absolutamente inconcebível isso. Deveria ser motivo de um seminário ou algo que o valha em qualquer faculdade de comunicação de quinta.
 
Viva o jornalismo de esgoto global! Em meio a crise mundial, a Rede Globo simplesmente "cobre os fatos de pancada" e consegue, pela boca da Poeta, transformar quase 2 milhões de empregos gerados no Brasil (!) numa nótícia ruim.
Santos e demônios não existem nem no céu e nem no inferno. A Globo antes achava, mas agora parece mesmo ter certeza que somos todos idiotas.
Sinceramente, é o fim da linha: O ódio da empresa da famiglia Marinho ao lulopetismo não tem mais limites.
lamentável, mas se disséssemos que não estamos acostumados estaríamos mentindo..
Abraços e que venha 2013 mais um ano de luta contra as barbaridades da mídia empresarial. Por uma nova mídia, honesta, isenta, responsável, plural e democrática.
 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A paz

"Aproxime-se de seu criador com o objetivo da paz", assim preconizava Mahatma Gandhi em sua busca incessante pelo pacifismo no mundo. É justamente o que tenho procurado há algum tempo quando faço minhas orações, esperando aquilo de mais essencial - de mais místico e ao mesmo tempo inteligível - que, acredito, Deus possa dar ao coração humano: a paz.

 Mas não falo de qualquer paz, falo desta paz que o homem procura para serenar uma existência inquieta, fruto de uma vida atribulada e comprimida pelo tempo, somada a uma sede insaciável de presença, atenção, carinho e outros sabe-se-lá-o-quês...

A cada dia me convenço mais de que aquilo que o mundo e as sociedades clamam de uma maneira geral, é também uma necessidade endógena, presente na mais recôndita vontade de cada ser humano de obter a paz interior. Um dos principais preceitos do Dalai Lama fazia referência exatamente à isso, nos admoestando que "sem a paz interna é impossível haver paz no mundo'.

E eis o motivo da inocuidade, do eterno "cair no vazio" das milhares de manifestações que vemos pelo mundo e pela cidade a fora; pois a mesma pessoa que xinga e burla violentamente as leis do trânsito durante a semana, no domingo, veste-se de branco para participar de uma passeata pela paz.

Mas qual paz? A que paz o cidadão comum faz referência nessa hora? E o que é mais relevante: qual a paz esta pessoa tem procurado conservar pra tentar viver bem consigo e conviver bem com os seus? Esta é uma pergunta que devemos também direcionar a nós, pois uma vez evitando se ver como parte do todo social, corremos o risco de nos distanciarmos de vez dele e ficarmos reduzidos a uma uma existência pobre, espiritualmente falando.

É nesse sentido que eu acredito que a grande revolução desse novo milênio é a interna, a do homem despindo-se de suas máscaras, tabus e preconceitos, aceitando suas limitações e (re)conhecendo seus potenciais, refletindo sobre sua conduta e acima de tudo percebendo-se sujeito de uma transformação maior, planetária. Só quando realmente mudarmos nesse sentido, quando evoluirmos (mas sem precisar morrer e voltar a esta mesma vida atribulada como pregam algumas religiões) o mundo e seus habitantes estarão aptos a mudar com a gente.

E para que vejamos esta mudança se dar da maneira mais completa possível é fundamental que ocorra também uma volta a essência, ao estado natural das coisas que nos reaproxime da natureza, e nos faça sentir de novo o cheiro da criação. Pois trata-se de algo que vai além da super velocidade do nosso tempo, das inquietações e dúvidas da pós-modernidade, mas diz respeito ao anseio mais profundo da alma humana, um anseio por descanso em vida.
Creio que a paz seja aquilo que há de mais sensível nesta vida que pode, de fato, se locupletar na transcendência.

Transformados e vivendo sob a luz de uma nova espiritualidade seremos capazes, finalmente, de enxergar o semelhante e as questões concernentes a vida em sociedade. Sim, porque engana-se quem pensa conseguir cuidar do todo sem antes conhecer e, acima de tudo, se reconhecer como parte; é impossível para o homem enquanto este encontra-se alienado de si mesmo e de seu próprio ambiente natural.

A água é a preocupação ecológica mais candente que se apresenta a humanidade nesse começo de século, e por que não paramos ainda pra refletir de maneira compromissada? Por que, pelo menos, não desligamos o chuveiro enquanto nos ensaboamos? Eu arrisco uma resposta: Porque, apesar de vivermos aqui, estamos muito distantes da Terra, não conhecemos de fato a nossa casa e tão pouco nossos co-irmãos. Deveríamos aprender com os índios que um povo que se distancia de sua própria "casa", que se revela incapaz de resolver questões básicas de sobrevivência, jamais poderá apaziguar os conflitos interpessoais para levar uma vida de paz, harmoniosa em sua sociedade.

Penso que este sim seja o grande sentido de espiritualidade dos novos tempos, quem sabe até numa perspectiva holística, a verdadeira re-ligação - que as religiões no mundo se mostraram incapazes de promover - propiciadora do encontro do homem com sua essência natural, com o universo e com Deus.


Weber e outros filósofos usaram a expressão reencantamento do mundo, numa alusão a volta do homem ao sagrado, que se daria depois que o indivíduo moderno se encontrasse completamente atomizado pelo mundo da razão. Sinceramente, não vejo esta hora muito longe, acho que já estamos até vivenciando ela, só que, lamentavelmente, da maneira mais distorcida possível - vide as loucuras do fundamentalismo Islâmico, o recrudescimento do sectarismo evangélico, a indústria milionária dos gurus, as novas formas de dominação da força hegemônica católica,  a assustadora emergência exotérica na “nova era”, etc.  

Vivemos um tempo de "racionalismo-espiritual", de hiperindividualismo e onipotência, um novo ethos parece se establecer e, por ele, tudo agora pode ser explicado, onde o aquilo que é sentido de quase nada vale se também não fizer sentido.

Mas tenho esperança que já está chegando o dia em que o mundo despertará para essa nova espiritualidade, sem religiões, sem dogmas, doutrinas ou modelos de conduta. Uma espiritualidade que alcance tanto o indivíduo como a coletividade e, consequentemente, todo o planeta. O dia em que o homem fará valer a força das palavras de Gandhi, aproximando-se do criador com o objetivo único da paz, para então, no gozo de sua plenitude, ir praticá-la pelo mundo no lugar de apenas pedi-la nas ruas. É essa minha mensagem de esperança!

Neste fim de ano e para o que já se aproxima desejo de todo o coração à você a paz que também quero para mim, na certeza de que é possível alcançá-la na mesma medida que também é preciso desejá-la com todas as forças. 
Abaixo, palavras de esperança que vem justamente daquele cujo nascimento, agora, celebramos pelos quatro cantos do mundo e que, entre outras, também é chamado de Príncipe da paz.

"..Eu vos disse isso para que em mim tenhais paz. Neste mundo experimentareis a aflição, mas tende confiança, eu venci o mundo." (Jesus)

Um bom natal pra você e sua família,
E um 2003 de renovação pela paz e para a paz!
 
* Texto publicado há 10 anos no antigo blog.

Botafogo prapara presente de natal para sua torcida!

http://odia.ig.com.br/portal/ataque/botafogo/botafogo-prepara-presente-de-natal-para-torcedores-1.528756

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Brasil, o país onde é proibido duvidar

Não existe mídia no Brasil. Existe um grupo de barões que controlam meios de comunicação e fazem deles a banda larga por onde passam seus valores, ideologias, etc.

Não existe justiça no Brasil. Existem leis feitas para proteger  uma parte específica da sociedade e todo um sistema operando nesse sentido; do juiz do stf até o guarda da esquina.

Falta muita coisa no Brasil, muita coisa mesmo... mas uma coisa tem de sobra: Verdades. Por aqui todo mundo sabe de tudo e ai de quem desconfie e tente trazer o contraditório, o primo rico do outro lado da moeda..


Diziam os filósofos gregos, mesmo antes de Sócrates dar o ar de sua graça nesse planeta: " A dúvida é o princípio da sabedoria."

Por aqui, não há dúvida sobre nada, logo conclui-se que...

Duvidar pra quê?_está na propaganda que intervala a novela das oito.
 
Falta mesmo muita coisa no nosso país, mas uma outra coisa tem de sobra: Arrogância. Está cheio de dono da verdade por aí, opinando sobre tudo, do cocô a bomba atômica. Aí, a gente mesmo, somos os mágicos desinventores que transformam palpites e pitacos em conhecimento.

E é justamente aí, nessa nossa mentalidade ireflexiva, não questionadora, que em última análise, nada mais é do que a nossa falta de estímulo pelo saber científico que vamos  vivendo numa ilusão sem fim, e sendo enganados por qualquer telejornal, qualquer vizinho, ou mesmo os amigos que curtem a gente na rede social.

Millor dizia: "Se você não tem dúvidas é porque está mal informado."Então viva a nossa ignorância, a pior do mundo, pois advém da falta de vontade de conhecer, somada a uma arrogância sem limites.

Viva o Brasil, o país do consenso jogo-rápido, a grande Sucupira.. Por aqui se vira santo ou demônio da noite pro dia, herói ou bandido, num piscar de olhos, ou de um plim-plim pro outro.

Afinal, duvidar pra quê? vamos todos montar na nossa arrogância sem fim, e replicar o que eles querem nas esquinas e nos facebooks da vida..
Por aqui o negócio é tagarelar muito e sobre qualquer coisa.Seja o que for o negócio é repetir cheio de moral, e de prefeência fazendo muito barulho, o que ouviu de rebarba do colega que leu na capa do Globo pendurado na banca do jornal, que amanhã vai embrulhar o peixe na feira.

Então, mais um viva, agora ao emburrecimento geral da nação e viva um governo que até agora não faz NADA por educação, a meu ver, nosso único caminho.

Mas enquanto esse país não nasce de novo, vamos seguindo, juntando os que estão pra se juntar e fazendo nossa parte.

Confesso que as vezes, tanta estupidez me desanima..Hoje está assim, amanhã é novo dia.

Abaixo, o fragmento e depois o texto na íntegra:
 
"...E dependendo do consenso que se tem sobre esta condenação, depois resolvo o risco de punição angariando a simpatia dos adversários do meu pré-condenado, e da sociedade que adora meu comportamento de "justiceiro", que por isto, me apoiarão na minha defesa, ainda mais quando utilizo a "chantagem" do direito a informação da sociedade.

Esta tática para os ricos e poderosos, porque quando vaza crime de pé-de-chinelo, ninguém sequer questiona. O consenso já é pré-estabelecido junto com a pré-condenação.É só checar os fatos mais rumorosos..."

Mídia e Judiciário agora reprimem no campo

http://www.viomundo.com.br/denuncias/stedile-midia-e-judiciario-agora-reprimem-no-campo.html

“A decisão do STF é contra a letra de qualquer livro de Direito Constitucional”

Absurdo



 

As feras togadas do STF

Eles estão descontrolados!!! E a mídia partidarizada mais excitada do que nunca

Nesse momento, a Globo News faz programa espinafrando o Congresso...e colocam o STF nas alturas inimagináveis das galáxias!!

O que a mídia não conseguiu com o PSDB, vai tentar agora com o STF...

Isso é perigosíssimo pra democracia, mas eles não estão nem aí.

Honduras é aqui.
 
É preciso estar atento a essa nova modalidade de golpe da direita.

http://www.viomundo.com.br/politica/leandro-fortes-feras-togadas-e-o-show-de-egolatria.html

O dia da vergonha do STF

"No futuro os historiadores reconhecerão 17 de dezembro de 2012 como o dia da vergonha do Supremo Tribunal Federal. Cinco ministros irresponsáveis empalmaram a Constituição Federal, açambarcaram o poder dos constituintes de definir lei e abriram caminho para futuras ações ilegais. A assinatura final desse episódio vergonhoso é de Celso de Mello."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Nunca fomos tão felizes


Pra que servem os anjos? A felicidade mora aqui comigo até a segunda ordem, um outro agora vive a minha vida, sei o que ele sonha , pensa e sente” Não é coincidência minha indiferença, sou uma cópia do que faço, o que temos é o que nos resta e estamos querendo demais..”

Redes sociais estão cheias de imagens de plenitude total, onde só há espaço para a diversão. Mas somos nós mesmos naquelas fotos?
Nos últimos anos, nos tornamos especialistas em narrar publicamente nossa existência através de imagens: os pés na areia da praia, a farra com a família, a festa de sábado à noite, o almoço com as amigas, a cerveja gelada à beira da piscina. Compartilhadas rede, elas confirmam: somos felizes. Os sorrisos vistos naquelas fotos comprovam a vitória sobre a tristeza, são imagens que informam nossa incrível aproximação com um mundo onde não há espaço para os aborrecimentos da vida. O nosso cotidiano, vejam (literalmente) vocês, é quase totalmente povoado por pequenas delícias, amor, afeto, diversão. É algo que finalmente está acontecendo conosco, e não com aquela gente feliz que costumávamos ver do outro lado da tela da TV ou do computador.
É preciso dizer que as fotos que publicamos não atuam sozinhas no álbum público da plenitude: elas recebem o endosso dos outros, que sublinham e aplaudem nossa felicidade ao clicar um “curti”, ao comentar festivamente um “lindoooooo”,“maravilhosa!” ou “arrasou!” Educados, fazemos o mesmo. Nossa vida vai assim se ressignificando: se antes eram apenas as visitas, sentadas no sofá da sala, que olhavam e comentavam as fotos de aniversários e casamentos, agora somos consumidos por muitos, por gente que não necessariamente faz parte do nosso cotidiano, mas fica sabendo, de longe, do nosso sucesso. Mostramos a eles que estamos sempre ótimos, adaptados a um momento no qual “estar bem” não é apenas um caminho a tentar se seguir, e sim um imperativo social - e o que esse imperativo produz ao mesclar-se a um aplicativo diz muito sobre nós. Aqui, a vida festiva que compartilhamos com conhecidos (ou nem tanto) é analisada por filósofos, jornalistas, sociólogos, blogueiras. Longe de ver com moralismo a maneira como nos expomos em rede, eles refletem sobre aquilo o que estamos querendo dizer com nossas fotos - e o que realmente se sobressai através das imagens de uma existência que parece perfeita.
Estudando aquela que é atualmente uma das redes sociais mais utilizadas na disseminação da felicidade calcada na imagem, o Instagram, Polyana Inácio, da Pós-Graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas), diz que o exagero nas auto-representações de felicidade está relacionado a maneira como escolhemos ser vistos em sociedade – algo anterior a qualquer rede social. “Desde sempre, ao nos apresentarmos publicamente, tendemos a criar uma estratégia sobre como queremos ser vistos. No caso do Instagram acontece a mesma coisa. Nele temos como ‘amigos’ pessoas íntimas e outras nem tanto. De modo geral, em função desta visibilidade, queremos ser bem vistos, queridos e aceitos. É nesta hora que as pessoas podem se distrair quanto ao que estão fazendo, ao invés de pensar: 'o que realmente quero comunicar sobre mim?'”.
Neste sendo, o Instagram e outras redes não são em si os produtores de uma felicidade artificial, mas servem, antes de mais nada, como grandes condutores, são vitrines pensadas para exibir o (super) humano. “A raiz talvez se encontre na obrigação de aparentar energia e sucesso. Isto é uma exigência social presente em vários segmentos, inclusive na Internet. Atualmente parece estranho envelhecer, se entristecer ou esperar”, diz Polyana Inácio. A busca pela validação do outro, natural e saudável (o reconhecimento dos amigos, o respeito do chefe no by Browse to Save" href="http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2012/12/03/nunca-fomos-tao-felizes-65516.php#">trabalho), termina ganhando formas diferentes quando essa validação ecoa na rede. “Será que às vezes não cometemos exageros por agir como se somente ali fosse possível ter audiência, ver e ser visto?”, pergunta a pesquisadora.
A plenitude contemporânea é um dos objetos de estudo do sociólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Pedro Demo, que, em Dialética da felicidade: olhar sociológico pós-moderno (Editora Vozes), divide esse estado de espírito entre o vertical e o horizontal. Neste, a felicidade tende a ser superficial, “Como quando nos contentamos apenas com momentos felizes. É, de certa forma, a alegria do bobo alegre”; o outro, vertical, é a alegria do “bom combate”, que, em geral, implica renúncia. “Difícil é ser feliz de modo duradouro sem renúncia, segundo consta em muitas propostas espirituais.”
O caso é que as imagens, o “compartilhe o momento”, são manifestações materializadas dessa alegria vapt-vupt, que precisa ser constantemente renovada (fotografada) para que nos sintamos realmente fazendo parte da Grande Aldeia da Diversão. “A felicidade como condição mais permanente e profunda é outra coisa. Aparentar felicidade é, muitas vezes, a única felicidade que resta, quando não se tem um projeto - sempre reconstruído - de felicidade mais duradoura.”
Essa necessidade de ao menos aparentar um estilo de vida – e um estado de espírito –que são superestimados no ambiente social também tem seus laços na chuva de representações que consumimos diariamente via outdoors, celular, TV e, claro, internet. Agora, no entanto, não precisamos de “atravessadores” para surgirmos na maioria destes suportes: somos produtores e disseminadores de nossas próprias imagens, nossa vida vai direto para o You Tube e Facebook, o que nos dá mais controle e poder sobre quem somos – ou queremos ser. Aí é que mora o nó: se podemos nos representar, se não precisamos de intermediários para mostrar quem nós somos, porque insistimos em fazê-lo tendo como base uma lógica baseada na irrealidade (pele sempre perfeita, corpo emagrecido, dentes mais do que brancos)? “A mídia gira em torno de simulacros que mobilizam as pessoas, em especial seu inconsciente - não enchem a alma, mas podem encher os olhos. Imagens de felicidade refletem naturalmente seu contexto cultural e civilizatório. No ocidente, a felicidade está mais vinculada a riqueza, poder, efeito-demonstração, ostentação, bens materiais. Em outros recantos, pode haver uma acentuação mais clara de outros valores mais duradouros e profundos, como renúncia, saber disciplinar os desejos, conviver produtivamente com limites, tirar proveito das imperfeições. Por isso tanto gente nas redes sociais se contenta em ser 'seguidor' - não tendo luz própria, serve a dos outros.”
O SCRIPT DA VIDA
Mesclando a filosofia de Baruch Spinoza a análises sobre a comunicação e o consumo atuais, o professor Luís Peres, da ESPM de São Paulo, observa a existência de uma exuberante indústria cultural da felicidade, produtora de imagens que nos mostram como poderíamos ser felizes se estivéssemos consumindo isto ou aquilo. “São imagens que associam nossa existência a algo que nós não temos. É a contínua produção do desejo: nela, ser feliz é conseguir aquilo o que desejamos, mas, quando conseguimos, já desejamos outra coisa. O prazer é o suicídio do desejo.” Essa vontade de felicidade que superpovoa o ambiente virtual é algo intríseco ao humano: ela dá sentido à vida, à vida virtuosa, à vida que vale a pena ser vivida. “Essa busca é um processo que existe desde que o homem é homem. Sentimos a necessidade que o outro legitime essa felicidade e, na internet, essa legitimação pode estar no botão ‘curti’. A existência não tem sentido nela mesma, não nascemos felizes. Temos que buscar essa felicidade – e ela não está nas coisas”, diz.
Para a professora Ângela Prysthon, da Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM/UFPE), as redes sociais, desde o Orkut, servem como uma espécie de álbum de figurinhas, um mosaico de referências. “Nesse sentido, as ‘imagens de felicidade’ têm uma relação direta com as referências, com os gostos que formam as pessoas. Fica evidente, de certo modo, a ligação entre alegria e consumo, já que muitas das referências são elementos da indústria cultura, da cultura de consumo. Então, ‘imagens de felicidade’ podem ser fotos de viagens, de refeições, de shows, de baladas, etc.“ É a própria descrição daquilo o que vemos no Instagram, por exemplo.
Para a pesquisadora, as redes sociais também sistematizam e formatam os modos de narrar nossas vidas. “Adequamo-nos (conscientemente ou não) à timeline do Facebook, aos 140 caracteres do Twitter, aos filtros do Instagram, aos boards e categorias do Pinterest, aos templates do Tumblr, quase que naturalizando esses formatos pré-fabricados. Assim, tem-se também, de alguma maneira, uma certa pré-determinação do que seria ‘felicidade’. As imagens de felicidade seriam pré-programadas nesses scripts: sorrisos na balada, autorretratos itinerantes, evocando passados imaginários e nostalgias daquilo que nunca existiu via filtros fotográficos, epigramas humorísticos, coleções de imagens alheias.” Prysthon observa que a discussão remete às análises de três autores dedicados a pensar a contemporaneidade: Richard Sennett (O declínio do homem público); Gilles Lipovestky (A era do vazio) e Christopher Lasch (A cultura do narcisismo), todos centrais nos estudos de comunicação nos anos 80. “Vemos assim como é possível pensar a sociedade contemporânea a partir de ideias de mais de trinta anos – ainda que reformulando muitas de suas hipóteses.”

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Para entender o cenário político brasileiro. O melhor texto dos últimos anos

Esse texto merece ser lido, refletido e repassado.
Na minha opinião, Luis Nassif faz aqui, de forma didática e extremamente ponderada, a melhor análise dos últimos anos sobre o quadro político brasileiro.
É possível perceber  após a morte da oposição, as forças que se aglutinaram para fazer esse papel; num primeiro momento captado pela mídia tucana, mas pouco a pouco por outras instituições onde o conservadorismo e ou a vaidade extrema se faz muito, mas muuito presente.
 
Vale a pena a leitura.
 

 Autor: Luis Nassif

Vamos entender o xadrez político atual.

Há um jogo em que o objetivo maior é capturar o rei – a Presidência da República. O ponto central da estratégia consiste em destruir a principal peça do xadrez adversário: o mito Lula.

Na fase inicial – quando explodiu o “mensalão” – havia um arco restrito e confuso, formado pela velha mídia e pelo PSDB e uma estratégia difusa, que consistia em “sangrar” o adversário e aguardar os resultados nas eleições presidenciais seguintes.

A tática falhou em 2006 e 2010, apesar da ficha falsa de Dilma, do consultor respeitado que havia acabado de sair da cadeia, dos 200 mil dólares em um envelope gigante entrando no Palácio do Planalto, das FARCs invadindo o Brasil e todo aquele arsenal utilizado nas duas eleições.
A partir da saída de Lula da presidência, tentou-se uma segunda tática: a de construir um mito anti-Lula. À falta de candidatos, apostou-se em Dilma Rousseff, com seu perfil de classe média intelectualizada, preocupações de gestora, discrição etc. Imaginava-se que caísse no canto de sereia em que se jogaram tantas criaturas contra o criador.

Não colou. Dilma é dotada de uma lealdade pessoal acima de qualquer tentação.

O “republicanismo”
Mas as campanhas sistemáticas de denúncias acabaram sendo bem sucedidas por linhas tortas. Primeiro, ao moldar uma opinião pública midiática ferozmente anti-Lula.
Depois, por ter incutido no governo um senso de republicanismo que o fez abrir mão até de instrumentos legítimos de autodefesa. Descuidou-se na nomeação de Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu-se mão da indicação do Procurador Geral da República (PGR) e descentralizaram-se as ações da Polícia Federal.
Qualquer ação contra o governo passou a ser interpretada como sinal de republicanismo; qualquer ação contra a oposição, sinal de aparelhamento do Estado.
Caindo nesse canto de sereia, o governo permitiu o desenvolvimento de três novos protagonistas no jogo de “captura o rei”.
STF
Gradativamente, formou-se uma bancada pró-crise institucional, composta por Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, e Luiz Fux, à qual aderiram Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. Há um Ministro que milita do lado do PT, José Antonio Toffolli. E três legalistas: Lewandowski, Carmen Lucia e Rosa Weber.
O capítulo mais importante, nesse trabalho pró-crise, é o da criação de um confronto com o Congresso, que não terá resultados imediatos mas ajudará a alimentar a escandalização e o processo reiterado de deslegitimação da política.
Para o lugar de César Peluso, apostou-se em um ministro legalista, Teori Zavascki. Na sabatina no Senado, Teori defendeu que a prerrogativa de cassar parlamentares era do Parlamento. Ontem, eximiu-se de votar. Não se tratava de matéria ligada ao “mensalão”, mas de um tema constitucional. Mesmo assim, não quis entrar na fogueira.
Procuradoria Geral da República (PGR)
Há claramente um movimento de alimentar a mídia com vazamentos de inquéritos. O último foi esse do Marcos Valério ao Ministério Público Federal.
Sem direito à delação premiada, não haveria nenhum interesse de vazamento da parte de Valério e seu advogado. Todos os sinais apontam para a PGR. Nem a PGR nem Ministros do STF haviam aceitado o depoimento, por não verem valor nele. No entanto, permitiu-se o vazamento para posterior escandalização pela mídia.
Gurgel é o mais político dos Procuradores Gerais da história recente do país. A maneira como conquistou o apoio de Demóstenes Torres à sua indicação, as manobras no Senado, para evitar a indicação de um crítico ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), revelam um político habilidosíssimo, conhecedor dos meandros do poder em Brasília. E que tem uma noção do exercício do poder muito mais elaborada que a do Ministro da Justiça e da própria Presidente da República. Um craque!
Polícia Federal em São Paulo
Movimento semelhante. Vazam-se os e-mails particulares da secretária Rosemary Noronha. Mas mantém-se a sete chaves o relatório da Operação Castelo de Areia.
O jogo político
De 2005 para cá, muita água rolou. Inicialmente havia uma aliança mídia-PSDB. Agora, como se observa, um arco mais amplo, com Ministros do STF, PGR e setores da PF. E muito bem articulado agora porque, pela primeira vez, a mídia acertou na veia. A vantagem de quem tem muito poder, aliás, é essa: pode se dar ao luxo de errar muitas vezes, até acertar o caminho.
Daqui para frente, o jogo está dado: um processo interminável de auto-alimentação de denúncias. Vaza-se um inquérito aqui, monta-se o show midiático, que leva a desdobramentos, a novos vazamentos, em uma cadeia interminável.
Essa estratégia poderia ter uma saída constitucional: mais uma vez “sangrar” e esperar as próximas eleições.
Dificilmente será bem sucedida no campo eleitoral. Mas, com ela, tenta-se abortar dois movimentos positivos do governo para 2014:

  1. É questão de tempo para as medidas econômicas adotadas nos últimos meses surtirem efeito. Hoje em dia, há certo mal-estar localizado por parte de grupos que tiveram suas margens afetadas pelas últimas medidas. Até 2014 haverá tempo de sobra para a economia se recuperar e esse mal-estar se diluir. Jogar contra a economia é uma faca de dois gumes: pode-se atrasar a recuperação mas pratica-se a política do “quanto pior melhor” que marcou pesadamente o PT do início dos anos 90. Em 2014, com um mínimo de recuperação da economia, o governo Dilma estará montado em uma soma de realizações: os resultados do Brasil Sorridente, resultados palpáveis do PAC, os efeitos da nova política econômica, os avanços nas formas de gestão. Terá o que mostrar para os mais pobres e para os mais ricos.

  2. No campo político, a ampliação do arco de alianças do governo Dilma.
Há pouca fé na viabilidade da candidatura Aécio, principalmente se a economia reagir aos estímulos da política econômica. Além disso, a base da pirâmide já se mostrou pouco influenciada pelas campanhas midiáticas.
À medida que essa estratégia de desgaste se mostrar pouco eficaz no campo eleitoral, se sairá desses movimentos de aquecimento para o da luta aberta.
Próximos passos
Aí se entra em um campo delicado, o do confronto.
Ao mesmo tempo em que se fragilizou no campo jurídico, o “republicanismo” de Lula e Dilma minimizaram o principal discurso legitimador de golpes: a tese do “contragolpe”. Na Argentina, massas de classe média estão mobilizadas contra Cristina Kirchner devido à imagem de “autoritária” que se pegou nela.
No Brasil, apesar de todos os esforços da mídia, a tese não pegou. Principalmente devido ao fato de que, quando o STF achou que tinha capturado o PT, já havia um novo em campo – de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Padilha – sem o viés aparelhista do PT original. E Dilma tem se revelado uma legalista até a raiz dos cabelos e o limite da prudência.
Aparentemente, não irá abrir mão do “republicanismo”, mas, de agora em diante, devidamente mitigado. E ela tem um conjunto de instrumentos à mão.
Por exemplo, dificilmente será indicado para a PGR alguém ligado ao grupo de Roberto Gurgel.
Espera-se que, nas próximas substituições do STF, busquem-se juristas com compromissos firmados e história de vida em defesa da democracia – e com notório saber, peloamordeDeus. De qualquer modo, o núcleo duro do STF ainda tem muitos anos de mandato pela frente.
Muito provavelmente, baixada a poeira, se providenciará um Ministro da Justiça mais dinâmico, com mais ascendência sobre a PF.
Do outro lado do tabuleiro, se aproveitará os efeitos do pibinho para iniciar o processo de desconstrução de Dilma.
Mas o próximo capítulo será o do confronto, que ocorrerá quando toda essa teia que está sendo tecida chegar em Lula. E Lula facilitou o trabalho com esse inacreditável episódio Rosemary Noronha.
Esse momento exigirá bons estrategistas do lado do governo: como reagir, sem alimentar a tese do contragolpe. E exigirá também um material escasso no jogo político-midiático atual: moderadores, mediadores, na mídia, no Judiciário, no Congresso e no Executivo, que impeçam que se jogue mais gasolina na fogueira.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O tratamento absolutamente desigual da mídia a Lula e a FHC

Vale a pena ler os três textos abiaxo..O último é uma aberração. A Revista Veja chegou ao ponto de fazer uma montagem fajuta, tirando a esposa do Neguinho da Beija flor e colocando a "amante" que arrumaram pra Lula numa foto do carnaval de 2009.
Globo, Veja, Folha e Estadão tem em comum a falta de seriedade jornalística. Colocam sua oposição ao projeto atual de governo na frente de tudo, e o ódio que nutrem por Lula no centro de suas amargas vidas.
Uma total falta de respeito, escrúpulos...Por que tanto ódio para um lado e tanto amor para o outro?!
Lula e FHC, pela mídia nativa:
 
 A veneração cega da mídia a FHC:

Como a imprensa trata FHC, por Marcos Coimbra

 O ódio irracional da mídia a Lula:

Ricardo Setti se desculpa por publicar montagem de Lula

Como esta estrela veio parar no meu peito

http://blogdojuca.uol.com.br/2012/12/37518/