Acredito que o trabalho a frente deste blog, junto com os parceiros na luta pela democratização da informação no Brasil, conseguiu cumprir sua missão principal. 2011 entrará para história, definitivamente, como ano em que assistimos ao fim do resto da credibilidade de que ainda dispunha a velha mídia.
Nesse ano, como em nenhum outro, os grandes grupos dos velhos barões, meteram os pés pelas mãos e estão até agora batendo cabeça, tentando se encontrar. Só que dessa vez não dá mais tempo; sinto muito informá-los: A força da internet, que se mostrou avassaladora com a explosão das redes sociais, tomou conta do pedaço, ditou tendências, suscitou o contraditório, derrubou governos e veio pra ficar.
Adeus velha mídia. Senhores barões: Bem vindos, ao século XXI.
Segue abaixo um texto sensacional e definitivo, sobre o que se transformou a grande mídia brasileira ao longos desses anos e o seu inevitável ocaso, que sabíamos que era questão de tempo.
Viva 2012! O primeiro ano do resto da nossa mídia.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/2011-o-ano-em-que-a-velha-midia-naufragou#comment-733011
sábado, 31 de dezembro de 2011
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Barcelona : O melhor time de todos os tempos!
" Hoje aqui aprendemos a jogar futebol"
(Neymar)
O Barcelona engoliu o Santos, como era previsto. Não foi uma simples vitória. Esse mesmo time pegou o Estudiantes do Verón (que fez frente de de 1x 1 durante os 90..) e só levaram na prorrogação em 2010. O que aconteceu ontem foi uma destruição. O Santos com craques em campo exaltados como Ganso e , um time que é a atual sensação do futebol brasileiro e menina dos olhos da imprensa foi ATROPELADO de uma maneira nunca antes vista numa final de clubes.
Parecia até que era o jogo de um time de 2011 contra outro de 40, 50 e áté 60 anos atrás,daqueles que chutavam bola costurada..Parecia Vídeo Game: só que de um lado um time na velocidade 11 e do outro um time na velocidade 2.
Um massacre de bola! Não tem jeito, se o jogo de ontem não servir pra mostrar ao Calazans e seus colegas românticos o que é o futebol hoje, desisto.
No futebol moderno, predominaram a força, a técnica e a velocidade. Ponto. Acabou o lero-lero do divertido, agradável, que ouvi o tempo todo da boca do pobre infeliz comentarista do SPORTV .
O Barcelona não usa sequer a força, mas aplica a técnica e a velocidade num nível tão elevado que a pode dispensar...e fazer bobinho do adversário. Brincar de esconder a bola, meus amigos, não é pra qualquer um não. Tem que respeitar e muito o tamborim que eles tocam! Trocaram mais de 700 passes na partida, Xavi foi responsável por 110 passes – 108 desses certos e apenas 2 errados!
Fora isso, ainda têm na manga o fator “ocupação progressiva do espaço”.
Eles vão ganhando cada palmo de gramado, avançando em bloco e engolindo o adversário com toques de bola rápidos e eficientes.
E de quebra, só pra deixar a coisa ainda mais incrível, ainda giram no campo, fazem dele uma grande quadra de salão! O time divide o gramado e os jogadores se revezam sem posição fixa . Diferente da Holanda 74 e do Brasil de 82, o carrossel espanhol vai girando em pequenos círculos...Ocupando o gramado e envolvendo o adversário num balé de dixá-lo tonto. Um bobinho de fazer cair o queixo, até que penetram sempre rumo ao gol, numa velocidade e numa técnica que temos que aplaudir e de pé! Neymar está certo: Como é que faz aquilo?!
E para os saudosistas que ainda poderiam dizer que esse futebol é extremamente pragmático e tal... Os caras jogam uma barbaridade ainda... Xavi, Iniesta e o Monstro do Lago Messi, tem uma categoria fora do comum!
O Messi é um capítulo a parte. Meus amigos, não é que o joga bem de vez em quando ou joga demais muitas vezes. Esse rapaz joga UM ABSURDO SEMPRE!! Eu nunca vi no futebol uma regularidade de tanto tempo com um craque jogando em altíssimo nível assim. Será pela terceira vez o melhor do mundo e virão mais e mais..Fora isso é super-artilheiro! Bate recorde atrás de recorde.
E esse Barcelona sem dúvida é o melhor time de todos os tempos! Nunca o mundo assistiu a esse futebol. Eu sempre bati nessa tecla: Quanto mais técnica um time imprimir em grande velocidade mais insuperável ele fica.
O Barcelona bateria qualquer um em qualquer época!
ps: Quanto ao Messi, não vou deixar passar em branco..rs..Eu deixei passar a farsa do Robinho (que banquei em 2002 quando ele estava no auge) o valor do Rivaldo (quando era massacrado aqui no Brasil), o fiasco da seleção de 2006 (que previ no ápice do quadrado mágico) e a farsa que é RG ( que ainda estar por se provar... Nunca cobrei patente! rs..rs..Mas quanto ao Messi, vou reivindicar o posto do primeiro a dizer que superou o Maradona. Se não ganhou Copa do mundo, então azar da Copa do mundo, não é isso que diz o Calazans?
ps2: O momento que mostrou o que seria o jogo: Quando o Abidal pega a bola na lateral direita, toca , recebe no sufoco, conduz vai com ela até onde dá no meio mas não rifa “a criança”..essa é a filosofia do Barcelona, lá é proibido “chuveiro”.
ps3:Melhor momento do jogo? Humm..difícil..A chaleira do Xavi na hora do gol, o calcanhar do Messi, ou o drible relâmpago do homem–raio no goleiro pro golaço...Os caras tem muita, mas muuuita bola! O Messi parece até um super-herói de quadrinhos em campo...Mas joga um futebo, que não tá no Gibi.
Ps4: Pior momento do Jogo: Quando o Ganso mata a bola no peito no meio do campo, olha pro lado e, quando piscou, o Busquets já tirou ela de “totinho “ por trás e saiu jogando...e ele ficou tirando remela do olho sem nem saber nem dá onde veio o vento.
ps5: O que foi a entrevista do Muricy Ramalho? Ele mostrou ali o sujeito miserável e pequeno que é, a cara do que foi o seu time. Enquanto ele falava as asneiras dele (coisas do tipo: Tá vendo vocês reclamam da gente no Brasil mas o Barcelona joga sem atacante...) a TV, só de sacanagem, mostrava um bobinho de quase meia hora com Léo , Arouca e Ganso, perdidos na lateral esquerda. O troço durava tanto que eles aceleraram a imagem e não acabava nunca
ps6: Neymar, sai rápido daí. Você é craque nato e precisa estar jogando esse futebol. Isso é o futebol. O que se joga aqui no Brasil é uma mentira que quando bate a realidade, dá pra se sentir o tamanho da ilusão. Você tem que estar entre eles, disputando Champions e os campeonatos europeus. É lá que a bola rola de primeira!
(Neymar)
O Barcelona engoliu o Santos, como era previsto. Não foi uma simples vitória. Esse mesmo time pegou o Estudiantes do Verón (que fez frente de de 1x 1 durante os 90..) e só levaram na prorrogação em 2010. O que aconteceu ontem foi uma destruição. O Santos com craques em campo exaltados como Ganso e , um time que é a atual sensação do futebol brasileiro e menina dos olhos da imprensa foi ATROPELADO de uma maneira nunca antes vista numa final de clubes.
Parecia até que era o jogo de um time de 2011 contra outro de 40, 50 e áté 60 anos atrás,daqueles que chutavam bola costurada..Parecia Vídeo Game: só que de um lado um time na velocidade 11 e do outro um time na velocidade 2.
Um massacre de bola! Não tem jeito, se o jogo de ontem não servir pra mostrar ao Calazans e seus colegas românticos o que é o futebol hoje, desisto.
No futebol moderno, predominaram a força, a técnica e a velocidade. Ponto. Acabou o lero-lero do divertido, agradável, que ouvi o tempo todo da boca do pobre infeliz comentarista do SPORTV .
O Barcelona não usa sequer a força, mas aplica a técnica e a velocidade num nível tão elevado que a pode dispensar...e fazer bobinho do adversário. Brincar de esconder a bola, meus amigos, não é pra qualquer um não. Tem que respeitar e muito o tamborim que eles tocam! Trocaram mais de 700 passes na partida, Xavi foi responsável por 110 passes – 108 desses certos e apenas 2 errados!
Fora isso, ainda têm na manga o fator “ocupação progressiva do espaço”.
Eles vão ganhando cada palmo de gramado, avançando em bloco e engolindo o adversário com toques de bola rápidos e eficientes.
E de quebra, só pra deixar a coisa ainda mais incrível, ainda giram no campo, fazem dele uma grande quadra de salão! O time divide o gramado e os jogadores se revezam sem posição fixa . Diferente da Holanda 74 e do Brasil de 82, o carrossel espanhol vai girando em pequenos círculos...Ocupando o gramado e envolvendo o adversário num balé de dixá-lo tonto. Um bobinho de fazer cair o queixo, até que penetram sempre rumo ao gol, numa velocidade e numa técnica que temos que aplaudir e de pé! Neymar está certo: Como é que faz aquilo?!
E para os saudosistas que ainda poderiam dizer que esse futebol é extremamente pragmático e tal... Os caras jogam uma barbaridade ainda... Xavi, Iniesta e o Monstro do Lago Messi, tem uma categoria fora do comum!
O Messi é um capítulo a parte. Meus amigos, não é que o joga bem de vez em quando ou joga demais muitas vezes. Esse rapaz joga UM ABSURDO SEMPRE!! Eu nunca vi no futebol uma regularidade de tanto tempo com um craque jogando em altíssimo nível assim. Será pela terceira vez o melhor do mundo e virão mais e mais..Fora isso é super-artilheiro! Bate recorde atrás de recorde.
E esse Barcelona sem dúvida é o melhor time de todos os tempos! Nunca o mundo assistiu a esse futebol. Eu sempre bati nessa tecla: Quanto mais técnica um time imprimir em grande velocidade mais insuperável ele fica.
O Barcelona bateria qualquer um em qualquer época!
ps: Quanto ao Messi, não vou deixar passar em branco..rs..Eu deixei passar a farsa do Robinho (que banquei em 2002 quando ele estava no auge) o valor do Rivaldo (quando era massacrado aqui no Brasil), o fiasco da seleção de 2006 (que previ no ápice do quadrado mágico) e a farsa que é RG ( que ainda estar por se provar... Nunca cobrei patente! rs..rs..Mas quanto ao Messi, vou reivindicar o posto do primeiro a dizer que superou o Maradona. Se não ganhou Copa do mundo, então azar da Copa do mundo, não é isso que diz o Calazans?
ps2: O momento que mostrou o que seria o jogo: Quando o Abidal pega a bola na lateral direita, toca , recebe no sufoco, conduz vai com ela até onde dá no meio mas não rifa “a criança”..essa é a filosofia do Barcelona, lá é proibido “chuveiro”.
ps3:Melhor momento do jogo? Humm..difícil..A chaleira do Xavi na hora do gol, o calcanhar do Messi, ou o drible relâmpago do homem–raio no goleiro pro golaço...Os caras tem muita, mas muuuita bola! O Messi parece até um super-herói de quadrinhos em campo...Mas joga um futebo, que não tá no Gibi.
Ps4: Pior momento do Jogo: Quando o Ganso mata a bola no peito no meio do campo, olha pro lado e, quando piscou, o Busquets já tirou ela de “totinho “ por trás e saiu jogando...e ele ficou tirando remela do olho sem nem saber nem dá onde veio o vento.
ps5: O que foi a entrevista do Muricy Ramalho? Ele mostrou ali o sujeito miserável e pequeno que é, a cara do que foi o seu time. Enquanto ele falava as asneiras dele (coisas do tipo: Tá vendo vocês reclamam da gente no Brasil mas o Barcelona joga sem atacante...) a TV, só de sacanagem, mostrava um bobinho de quase meia hora com Léo , Arouca e Ganso, perdidos na lateral esquerda. O troço durava tanto que eles aceleraram a imagem e não acabava nunca
ps6: Neymar, sai rápido daí. Você é craque nato e precisa estar jogando esse futebol. Isso é o futebol. O que se joga aqui no Brasil é uma mentira que quando bate a realidade, dá pra se sentir o tamanho da ilusão. Você tem que estar entre eles, disputando Champions e os campeonatos europeus. É lá que a bola rola de primeira!
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
As canções
"..As canções mais tolas, tendo os seus defeitos
Sabem diagnosticar o que vai no peito.."
(Lulu Santos)
O novo documentário de Eduardo Coutinho (Edifício Master) é um espetáculo pra se aplaudir de pé! E é exatamente isso o que o cinema faz, ao final da sessão. Aplausos e lágrimas. Nesse filme não há paisagem, fotografia ou retrato de nada..O cenário é o palco, a cadeira, o sujeito; a imagem é pra dentro, pra dentro daquelas vidas, daquelas pessoas cheias de história tão comuns e ao mesmo tempo tão singulares.
Um mergulho profundo que damos dentro de almas tarimbadas pelos anos e pelas vicissitudes da vida - almas cheias de vida, vidas cheias de tudo que se possa imaginar, e as canções (de cada um, a cada maneira) estão ali, como uma espécie de trilha sonora do tempo e do "filme" de cada "personagem".
Impressionante ver o que Coutinho consegue arrancar das pessoas. Que talento pra disparar emoção de forma simples e deixar as coisas fluirem, por conta de cada um, que parece dar ali muito mais do que o diretor necessita.
E claro não dá pra deixar de falar no poder mágico e transformador da música. Seja no trabalho, no carro, no banheiro, ou atravessando a rua assobiando uma canção...Como dizia Bob Marley: "É o sopro de Deus na vida do homem!"
Sabem diagnosticar o que vai no peito.."
(Lulu Santos)
O novo documentário de Eduardo Coutinho (Edifício Master) é um espetáculo pra se aplaudir de pé! E é exatamente isso o que o cinema faz, ao final da sessão. Aplausos e lágrimas. Nesse filme não há paisagem, fotografia ou retrato de nada..O cenário é o palco, a cadeira, o sujeito; a imagem é pra dentro, pra dentro daquelas vidas, daquelas pessoas cheias de história tão comuns e ao mesmo tempo tão singulares.
Um mergulho profundo que damos dentro de almas tarimbadas pelos anos e pelas vicissitudes da vida - almas cheias de vida, vidas cheias de tudo que se possa imaginar, e as canções (de cada um, a cada maneira) estão ali, como uma espécie de trilha sonora do tempo e do "filme" de cada "personagem".
Impressionante ver o que Coutinho consegue arrancar das pessoas. Que talento pra disparar emoção de forma simples e deixar as coisas fluirem, por conta de cada um, que parece dar ali muito mais do que o diretor necessita.
E claro não dá pra deixar de falar no poder mágico e transformador da música. Seja no trabalho, no carro, no banheiro, ou atravessando a rua assobiando uma canção...Como dizia Bob Marley: "É o sopro de Deus na vida do homem!"
sábado, 10 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Sócrates: O legítimo representante do futebol arte.
“O nosso futebol, com sua criatividade e alegria, é expressão de nossa formação social, rebelde a excessos de uniformização, de geometrização, de estandardização, e ainda a totalitarismos quem façam desaparecer a variação individual ou a espontaneidade pessoal. O futebol no Brasil se fez marcar por um gosto de flexão, de surpresa, que lembra passos de dança aberta ao improviso, à diversidade e à espontaneidade individual” (Sócrates, 2 de junho de 2010, da CartaCapital).
Pode ser que alguns craques tenham jogado mais futebol que jogou Sócrates, ou mesmo muito mais, mas arrisco dizer que nenhum pensou o futebol como pensou Sócrates. Sócrates foi maior representante do futebol-arte que esse país já teve.
Talvez só Garrincha tenha vivido uma vida no futebol como ele viveu, mas no caso do Mané, a coisa se dava de forma pura, ingênua, quase inconsciente, enquanto que o "doutor", fazendo jus ao homônimo famoso filósofo, usou a razão não só para jogar mas para viver e pensar o futebol e o seu papel em nossa cultura - a dimensão desse esporte na vida do povo brasileiro.
Sócrates jamais encarou o futebol como uma competição, como um esporte que se encerra num jogo entre vencedores e vencidos. Seu corpo, inclusive, era bastante improvável para a prática e no entanto foi genial no trato da bola, fazendo parte daquela seleção que encantou o mundo em 1982, sem vencer. E o “sem vencer” aqui tem tudo a ver com Sócrates, é muito coerente com sua trajetória; pouquíssimos títulos na carreira, fazia questão de mostrar desprezo aos troféus.
Se na Espanha Sócrates havia sido um dos principais jogadores, talvez o grande nome daquela edição; na Copa seguinte protagonizaria um lance que define muito bem o que é para ele o futebol. Perderia um pênalti crucial para o Brasil e de forma aparentemente descompromissada, meio exótica, de bandana na cabeça e barba por fazer, envergou o corpo sem tomar distância pra bola. Brasil eliminado.
Assim era Sócrates, um grande craque, que viveu o esplendor do futebol arte pelo puro e simples prazer de praticá-lo. O cara que deu de calcanhar pra “esse negócio” de resultado e que levantou o braço pra vida e pra alegria de viver.
E esse era mesmo seu pensamento mais sincero, absolutamente coerente com o que sempre praticou. Lembro-me de um caso que ele sempre contava, de um time que foi campeão de um torneio sem fazer um único gol. Empatou cinco de zero e na final foi campeão com gol contra do adversário. Era mais uma forma que o Doutor encontrava de dizer, mesmo que nas entrelinhas, que vencer não queria dizer nada.
Sócrates, portanto, foi aquele que mais teve coragem de falar abertamente que não encarava o futebol como um esporte e sim como arte. Esse que talvez seja o assunto mais polêmico e inacabável do futebol brasileiro, que desperta paixão e ódio, dúvidas eternas, muita incoerência por parte de torcedores e uma enorme ambigüidade por parte da imprensa, era tratado naturalmente pelo nosso doutor: Ele queria ser feliz e pronto; ganhar ou perder era um detalhe..
Por isso, não tenho dúvidas em afirmar que por toda sua trajetória de vida, toda genialidade que, momentaneamente, emprestou ao futebol e toda a maneira como abertamente professou suas crenças sobre tudo de lúdico que gravita em torno da bola, Sócrates Brasileiro Sampaio S.V de Oliveira é o maior representante do futebol arte que o país já teve.
Pode ser que alguns craques tenham jogado mais futebol que jogou Sócrates, ou mesmo muito mais, mas arrisco dizer que nenhum pensou o futebol como pensou Sócrates. Sócrates foi maior representante do futebol-arte que esse país já teve.
Talvez só Garrincha tenha vivido uma vida no futebol como ele viveu, mas no caso do Mané, a coisa se dava de forma pura, ingênua, quase inconsciente, enquanto que o "doutor", fazendo jus ao homônimo famoso filósofo, usou a razão não só para jogar mas para viver e pensar o futebol e o seu papel em nossa cultura - a dimensão desse esporte na vida do povo brasileiro.
Sócrates jamais encarou o futebol como uma competição, como um esporte que se encerra num jogo entre vencedores e vencidos. Seu corpo, inclusive, era bastante improvável para a prática e no entanto foi genial no trato da bola, fazendo parte daquela seleção que encantou o mundo em 1982, sem vencer. E o “sem vencer” aqui tem tudo a ver com Sócrates, é muito coerente com sua trajetória; pouquíssimos títulos na carreira, fazia questão de mostrar desprezo aos troféus.
Se na Espanha Sócrates havia sido um dos principais jogadores, talvez o grande nome daquela edição; na Copa seguinte protagonizaria um lance que define muito bem o que é para ele o futebol. Perderia um pênalti crucial para o Brasil e de forma aparentemente descompromissada, meio exótica, de bandana na cabeça e barba por fazer, envergou o corpo sem tomar distância pra bola. Brasil eliminado.
Assim era Sócrates, um grande craque, que viveu o esplendor do futebol arte pelo puro e simples prazer de praticá-lo. O cara que deu de calcanhar pra “esse negócio” de resultado e que levantou o braço pra vida e pra alegria de viver.
E esse era mesmo seu pensamento mais sincero, absolutamente coerente com o que sempre praticou. Lembro-me de um caso que ele sempre contava, de um time que foi campeão de um torneio sem fazer um único gol. Empatou cinco de zero e na final foi campeão com gol contra do adversário. Era mais uma forma que o Doutor encontrava de dizer, mesmo que nas entrelinhas, que vencer não queria dizer nada.
Sócrates, portanto, foi aquele que mais teve coragem de falar abertamente que não encarava o futebol como um esporte e sim como arte. Esse que talvez seja o assunto mais polêmico e inacabável do futebol brasileiro, que desperta paixão e ódio, dúvidas eternas, muita incoerência por parte de torcedores e uma enorme ambigüidade por parte da imprensa, era tratado naturalmente pelo nosso doutor: Ele queria ser feliz e pronto; ganhar ou perder era um detalhe..
Por isso, não tenho dúvidas em afirmar que por toda sua trajetória de vida, toda genialidade que, momentaneamente, emprestou ao futebol e toda a maneira como abertamente professou suas crenças sobre tudo de lúdico que gravita em torno da bola, Sócrates Brasileiro Sampaio S.V de Oliveira é o maior representante do futebol arte que o país já teve.
Assinar:
Postagens (Atom)